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terça-feira, setembro 19, 2006

Democracia Direta ou Barbárie.






















Em 1998 escrevi o artigo acima. Foi logo após as eleições, quando FHC foi reeleito (no primeiro turno). Passaram-se 8 anos e tudo continua como dantes no Quartel de Abrantes. Talvez um pouco pior. Antes ainda havia esperanças, o sonho de que se chegássemos ao governo faríamos diferente. Antes ainda podiamos identificar aqueles que acreditávamos estavam ao lado do povo. E, em tão pouco tempo, o sonho e a esperança foram traidos.

Se FHC comprou votos para a reeleição, Lula pagou mensalão. Se FHC tinha entre seus parceiros múmias da política nacional, como ACM, Renan, Lula ressuscitou Sarney, Jader Barbalho, Orestes Quercia e outros representantes do neocoronelismo (muitos dos quais antes estavam com os tucanos). Se FHC privatizou os bens públicos, Lula priorizou destinar a arrecadação para pagamento dos juros da dívida, em detrimento de investir em verdadeiras políticas públicas, aliás, gaba-se de ter pago o FMI. Grande feito. Chega a dizer que está triste, porque os ricos não o estão apoiando como deviam, apesar de terem ganho muito dinheiro em seu governo. E coloca muito dinheiro nisso. Nem na era FHC os ricos ganharam tanto. Entretando o petista foi mais eficiente, dedicou migalhas do orçamento público aos mais pobres, dando a bolsa-esmola, assegurando asasim alguns milhões de votos. Os correligionários de Lula também inovaram transportando doláres em cuecas e deixando rastros por onde passavam. Lula montou no cavalo tucano e disse que era dele. Se FHC mandou esquecer o que escreveu, o próprio Lula esqueceu o que dizia e seu passado, fazendo tudo diferente do que falava que ia fazer.

A ignorância cresce cada vez mais. O egoísmo se fortalece. A política tornou-se um grande negócio entre cumpadres. Os três poderes da república estão completamente de costas para o povo. O que importa é o poder. A sociedade assiste a tudo impassível. Essa calma aparente pode trazer tempestade. Precisamos de muita água para lavar essa sujeira que domina mentes e corações dos que detêm e detiveram o poder, controlam a economia e o pensamento. Precisamos de uma tempestade. Muita água para limpar isso tudo. O que falta para isso acontecer?

A cada nova eleição os eleitos e seus partidos distanciam-se mais do papel de representantes da sociedade. É cada um tentando levar mais para atender seus interesses pessoais e de seus grupos. Estamos em pleno século XXI e os políticos portam-se como senhores feudais, ainda no limiar do século XVIII. O sistema representativo não atende mais as necessidades do coletivo social. A população é imensa e crescente. Os miseráveis surgem em multidões nos grandes centros urbanos. A riqueza continua nas mãos de poucos. Estes vivem em seus castelos, com seus seguranças privados e seus privilégios, com saúde e escolas boas. E o Estado? Continua servindo apenas aos ricos e poderosos, incluído aí a chamada classe média. Fortalece-se uma cultura elitista e excludente. Onde vamos parar? Qual o caminho para impedir que assim continue? Como mudar os rumos da história e fazer com que as pessoas sejam mais fraternas e solidárias? Qual o caminho para reformar ou transformar o Estado? Quais os instrumentos para que as pessoas possam se tornar sujeitos de sua história? Uma revolução nos moldes tradicionais significaria o esfacelamento de nosso país e do planeta? Ou esse ainda é o caminho? Para onde seguir?

Vamos pensar em continuar semeando a esperança, em construir a esperança e a fraternidade em nosso dia-a-dia. Vamos construir a democracia real. Com o fazer? Vamos descobrir. Não podemos aceitar passavamente, de maneira egoísta e covarde, a bárbarie que os traídores do povo e os exploradores de sempre tentam impor nas relações institucionais e na sociedade. Também não podemos copiar modelos e paradigmas comprovadamente reacionários e inadequados para os dias de hoje. Não podemos ficar parados, todos vamos pagar um preço muito alto.