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quarta-feira, agosto 29, 2007

LABAREDA (25/08)















Olho o céu de mãos caídas
abanando a solidão,
o vento me leva
aos tempos vindouros.

Pulsam olhares marejados,
busca pássaros caminhantes,
podem ser errantes,
certeiros ou derradeiros
no porto inseguro
de minh'alma.

Olhar o passado
iluminado,
apontando incertezas
domina o horizonte.

Nada de chuva, nuvens,
nem tempestades.

O mar me espera,
distante chego lá.

Caminhante solitário
busco galhos para seguir,
sem cair nas armadilhas
dos olhares mirando o céu.

Sigo abanando a solidão,
esperando brasas
brotarem labaredas.

PELÔ (Salvador - 25/08)

Nada existir no tempo,
o vento
o empurra
transformando-lhe
em folhas humanas.

O canto
dos abastados segue.

Prédios renovados,
cantados
no mundo,
imundo,
perdido
da fome
da existência.

Sem ser
nem ter.

Quer viver,
nada mais.

sábado, agosto 18, 2007

Cetro do Rei (18/7 - Belém/PA)















Sensação de sol se pondo,
mesmo sabedor de seu encanto,
logo a beleza da Lua
chegará e a saudade se vai.

Um tempo passado repleto de luzes
e dores do sangue derramado.

O tempo passou, avançou.
Pretensos companheiros no poder,
local e nacional,
vozes que falam e não sentem.

Se um dia sentiram,
impossível saber.

O sol ainda não se pôs,
assim mesmo não vejo
mais parceiros e braços enlaçados
resultados de um tempo
que se foi.

As águas da baia
continuam barrentas,
as crianças daqui da capital,
de Pragominas e do Brasil,
em sua maioria vivem necessidades.

O vento me acalenta.

A solidão do vento me leva,
quantas noites nesta beira de rio,
nessas ruas quentes
animando sonhos,
enquanto nada restou.

Não basta procurar,
não basta chorar,
as vozes não respondem,
impossível imaginar o que sentem.

Querer ter o poder
ser o centro do espaço,
parecendo o canto do cetro do rei,
é o que vejo dos passos nas ruas,
gabinetes e certos lares.

Onde vou cantar
a força do calor do sol
que lentamente se põe,
indo aquecer outros povos
que certamente também desejam flores
e sonham com justiça.

A frieza toma conta
dessa humanidade,
que disto nada tem,
somente deseja o cetro do rei.