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terça-feira, setembro 25, 2007

ÁGUAS DESEJADAS















Seu cheiro é perceptível.
As folhas se espalham,
E as cigarras cantam.

Todos te desejam.

A terra vermelha sofre com a secagem,
Um pó cobre a lua crescente,
As narinas sentem a ressequidão.
Certas almas ficam secas como o tempo.

Árvores floridas derramam seu colorido,
Deixando as quadras mais belas.
O asfalto preto assume todos os tons,
O gramado fica amarronzado
E inflamável como pólvora.

O sol - ao se pôr no oeste - parece comunista,
Fica vermelho deixando todos encantados
Nesse mundo consumista – capitalista.

O cheiro conhecido vem de longe.
Faz meses, bastante tempo,
Que não mostra sua cara,
Nem permite sentir teu gosto.

Certamente quando chegares muitos vão sofrer.
São os que vivem sem teto,
Sob as pontes e em barracas de lona nas pontas das Asas.

Seu cheiro vem de longe.

Quando chegares o verde voltará,
A esperança desabrochará,
E as flores se espalharam mais ainda.
Começa a primavera.
Logo a secura desse tempo irá,
Deixando o solo mais fértil.

Quem me dera se tuas águas
Levasse da terra a fome,
A hipocrisia dos dominadores,
A dor dos desesperançosos?

Venha com força,
Traga em suas gotas
Um novo tempo,
Traga a floração da vida.
Leve a miséria em tuas águas
Pelos tubos sob as quadras.

Seu cheiro vem de longe.

Muitos querem se banhar em suas águas.
As plantas, os bichos, o vento,
As estrelas, a lua e pessoas
Te esperam ansiosos.

O sol quer se molhar,
Para mais ainda aquecer a terra,
Fertilizando sonhos de uma vida florida para todos.

Venha logo chuva encantada.