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terça-feira, julho 27, 2010

Candeeiro do tempo - Poemas



Candeeiro do tempo – Poemas é uma coletânea de poemas dividida em três tempos, cada um representando uma década. Fala das utopias que ainda existem para o autor. Sonhos que marcaram sua caminhada da adolescência aos dias atuais na busca de um mundo melhor, usando como principal arma a palavra escrita, tornando a poesia combustível para animar a alma e a esperança.
O livro é uma síntese do trabalho poético de Pedro César Batista. Começou a publicar ainda na geração que ficou conhecida como do mimeógrafo, no final da década de 1970, quando residia em Brasília. Na abertura de seu primeiro livro Tudo tem, no poema “Gritemos”, escreve: “O poder tem os canhões. Nós temos o grito”. Um garoto que declamava seus versos em defesa da liberdade e contra a tortura dos militares que insistiam em ficar no poder.
Vieram outros títulos com poemas, biografias e um romance. Seus poemas sempre usaram a metáfora para falar da utopia por uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Poesia e prosa comprometidas com a vida.
Publicou uma entrevista com Gilson Menezes, o primeiro prefeito petista no Brasil, resgatando as experiências desenvolvidas. Muitas deixadas de lado com o passar dos tempos. Escreveu ainda sobre advogado e único deputado assassinado no Brasil, depois da abertura política, devido sua militância em defesa da reforma agrária, em João Batista, mártir da luta pela reforma agrária.
Marcha interrompida é um romance que denúncia o massacre contra os trabalhadores rurais sem-terra ocorrido em 1996, na cidade de Eldorado dos Carajás (PA). Em 2008 lançou esse livro na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque (EUA).
Em Candeeiro do tempo – Poemas volta a mostrar sua veia poética, com poemas como “Iluminado”: “Toda luz vem do céu/ da boca aberta, faminta / por sonhos e beijos”, destacado pelo prefaciador como “pensa e age o poeta cidadão”.
Na apresentação de seu novo livro, Pedro César Batista escreve que Candeeiro do tempo – Poemas são “três partes que desnudo, mostrando-me, assim, fatiado, apesar de tentar ser inteiro na direção” que vem trilhando com seus livros e em sua vida. Na primeira parte do livro, em Tempos áridos, tem poemas escritos até 1989. Tempo de Germinar, a segunda, poemas elaborados até 2003 e em Sementes do amanha, poemas escritos na década que atual. Em Manhas de domingo de abril retrata Brasília, onde “muitos seguem no asfalto do eixão, passando sobre as marcas bem definidas das freiadas bruscas e desesperadas antes dos pardais”. Em Cetro do Rei escreve que “a frieza toma conta dessa humanidade, que disso nada tem, somente deseja o cetro do rei”. “Não quero o lucro, nem o mercado, nem o cercado do consumo”, desabafa em Chamado.
Candeeiro do tempo – Poemas é prefaciado pelo jornalista Guido Heleno, com capa e ilustração de Léo Pimental.
O autor é jornalista, escritor e poeta, pauta sua carreira em temas sociais, políticos e em questões relacionadas aos Direitos Humanos. Candeeiro do tempo – Poemas é seu 14º livro. Publicou ainda Tudo tem – poemas (1979), E ai – poemas (1980), Poesia Matutaí – poemas (1982), Letras Livres – poemas (1982), Coração de Boi – poemas (1983), Sonhos reais – poemas (1997) e 63 poemas de amor para uma flor dos pampas no cerrado (2004). Participou das coletâneas Revoada de poetas em Ilhéus (1980) e Enluadonovo (1983). Em 1991 escreveu Conivência e Impunidade; em 2004, Gilson Menezes, o operário prefeito e ,em 2008, João Batista, mártir da luta pela reforma agrária. Em 2006 lançou o romance Marcha interrompida.
Sua atividade profissional tem sido assessorar os movimentos sociais. Integra a Organização Não Governamental Movimento de Olho na Justiça.

Lançamentos
Brasília - DF
5 de agosto de 2010
19h30
Biblioteca Demonstrativa de Brasília
W3 Sul EQS 506/507

Belém - PA
5 de setembro
11h
Bar do Parque
Praça da República

Serviço:
Candeeiro do tempo – Poemas – 115 páginas
Verbis Editora – Brasília – DF
Contatos:
Pedro Batista (61) 9162 6682 - pcbatis@gmail.com

sábado, julho 10, 2010

Um povo que tem muito a ensinar.


“Dame La mano y danzaremos;
Dame La mano y me amarás.
Como una sola flor seremos,
Como una flor, y nada mas...

Gabriela Mistral

Conhecer a terra de Manuel Rodriguez, Gabriela Mistral, Pablo Neruda, Victor Jara e Violeta Parra foi mais um passo na busca de inspiração para a caminhada na construção de um mundo melhor. Mais uma oportunidade para fortalecer laços e criar amizades na luta do povo latinoamericano, alimentando sonhos e fortalecendo a resistência ao neoliberalismo.

O Chile tem uma história rica, cheia de conquistas e com muitas experiências de lutas populares. Em 1818 proclamou a república, tendo vivido ao longo da história a liberdade e a democracia. O seu povo sempre respirou a democracia e foi politizado, mesmo enfrentando a violência dos poderosos, como o massacre no início do século XX, em Santa Maria de Iquique, quando milhares de trabalhadores que lutavam por condições mínimas de sobrevivência foram mortos.
O golpe de 11 de setembro de 1973, dado por um grupo de militares, comandados pelo sanguinário Pinochet, coordenados pela CIA EUA, tomou o poder e impôs a violência desmedida, o obscurantismo e a dor. Foram longos 17 anos com os militares no poder, perseguindo, prendendo, torturando e matando. Deixaram um saldo de 30 mil mortos em um país com uma população de cerca de 17 milhões de habitantes (2010). Mais um massacre na história dos chilenos.

(O Brasil somente implantou a república em 1889 - quase 70 anos após o Chile. Em nossa história conhecemos espasmos de liberdade. As ditaduras e a opressão predominaram. Durante a última ditadura no país os militares brasileiros, através da Operação Condor, chegaram a treinar os torturadores de Pinochet. Felizmente estamos sustentando a democracia, apesar de ainda faltar muito para uma sociedade justa como necessitamos.)

O Presidente socialista Salvador Allende resistiu ao golpe de 73, sendo assassinado dentro do Palácio de La Moneda. Mesmo com milhares de mortos, os chilenos resistiram e derrotaram a ditadura em 1990. Assim tem sido a luta desse povo irmão, buscando preservar a democracia e a liberdade.

A hospitalidade dedicada lembra o povo brasileiro. Tem suas características próprias, certo jeito europeu, misturado com as culturas indígenas ao sul da América. Apaixonado pelo futebol, mas capaz de colocar em primeiro lugar seu patriotismo e a defesa nacional, sem deixar de lado o fortalecimento de sua cultura e seus ideais de justiça.

Todos os governos após Pinochet foram de uma aliança de centro esquerda, denominada Concertácion, que preservou a política econômica da ditadura e consolidou o neoliberalismo. Na eleição presidencial de janeiro de 2010 foi eleito, em segundo turno, Sebatian Pinera, remanescente do grupo do grupo pinochetista. Pinera, inclusive, é dono do time de futebol Colo Colo e um milionário.

Uma terra de grandes poetas. Gabriela Mistral fala do sonho de um mundo melhor, assim como Pablo Neruda – que morreu dias depois do golpe militar, ainda hoje inspira sonhos, esperança e resistência. Ambos receberam o Nobel de Literatura. As canções de Victor Jara e Violeta Parra continuam sendo cantadas e animando a resistência chilena e popular em todo o mundo.
As políticas neoliberais impostas por vários governos na América Latina sustentam-se no consumismo. Muitos turistas não conhecem a história da luta do povo chileno, mas voltam aos seus países lotados de compras.

As elites evitam debater e resgatar a vida de seus mártires, mesmo tendo tornado público os arquivos da ditadura, o que no Brasil ainda é heresia até mesmo falar. Governantes serviçais ao neoliberalismo em todo o continente tentam impedir o povo de conhecer os crimes praticados por ditadores a serviço dos EUA.

O Chile é uma terra de vinho, poesia, resistência e luta. Mesmo com toda a força do sistema seu povo segue glorioso em sua caminhada. Temos muito a aprender com eles.

Por Pedro César Batista

quinta-feira, julho 08, 2010

Neruda

Isla Negra, Chile, 29 de junho de 2010


Um novo copo,

sem corpo,

sem sangue,

somente as lágrimas

que não caem.

O fogo abrasa o vento

que esfria a alma de tanto caminhar

em direção ao mar.

Ondas que passam,

labaredas crescem,

sem chegar aos céu

que se distancia.

O chão se abre

querendo fazer-me semente

de um tempo por vir.

Sem querer, insisto.

Viver é minha sina.

Ler Neruda não basta.

Ouvir Violeta não adianta.

Vinho não embriada.

Somente o frio é real.

O fogo se assusta,

sente a necessidade do sopro do amor e da vida.

Ainda assim sigo,

preciso navegar,

receber o abraço do vento

as pétalas das flores

no rosto enrijecido.

O copo se torna velho,

encardido pelo vinho

que adentra minhas veias

entupidas pelo sistema.

Onde estou?

Aonde vou?

As rajadas dos sonhos me acompanham,

alegres, apesar da solidão.

Uns poucos insistem em impedir

o porvir de um novo tempo;

outros, persistem na semeadura da esperança.

O mar bate nas rochas

que o repelem;

continua avançando.

Quem dera ser o mar,

viajar no tempo,

pelos continentes,

propagar vida e inspiração.

Quem dera ser o mar?

Pedra é o que sou,

recebendo a força das águas,

que me golpeiam,

insistentemente.

xxxx

Um novo ano começa em meu corpo,

como um novo copo

que se esvaziará em poemas,

na lua cheia,

contando estrelas

que se apagarão.

Novos dias vão florir,

perfumar almas e sonhos

por tempo feliz.