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segunda-feira, outubro 31, 2011

Sou pássaro voando




Quem dera ser uma rajada de vento,
espalhar sonhos de vida e liberdade,
sementes de resistência e dignidade.

Como sou um pássaro em terra,
resta-me caminhar em direção ao sol.

Um dia a tempestade acordará em sonhos,
respirando o hálito das flores
que apesar dos espinhos,
ainda inspiram ventania.

Quem dera ser uma nesga de luz,
despertaria a escuridão,
levando-a a bailar em noite de lua cheia.

Beijos de Vênus




Domingo é dia de luzes,
não importa que estejam apagadas,
as flores perfumam o tempo,
a música inspira o trabalho,
explodem sensações de prazer por existir.
Uma vontade enorme de voar,
caminhar sobre as nuvens até o infinito
onde terei os beijos de Vênus.

quinta-feira, outubro 27, 2011

A dama da festa





Meu corpo se move
No ritmo das águas que me levam,
Lavam e salgam meus sonhos,
Ainda adocicados de desejos
Por um tempo de equilíbrio
Com entrega e calor,
Verdadeiros,
Inteiros.

Onda vai onda vem.

Segura-me o vento,
Enquanto a lua se prepara
Para adentrar no baile.

O brilho do sol
Começa a se despedir a oeste.

Logo ela virá
E se entregará ao mar
Tornando-se a rainha do prazer.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Palavras voadoras



Navegar é como escrever,
as palavras vem em ondas,
crescentes e em movimento intenso,
que nos empurra mais para o vento.

O vento é como escrever,
rasga as faces sem vergonha,
acariciando até almas desconhecidas
que se jogam em pleno voo ao infinito.

Escrever é como fogo,
vem das entranhas do magma do coração,
soltando lavras que inundam olhares
que ainda continuam fechados.

Continuarei caminhando,
quem sabe uma palavra me leve
ao infinito onde sinta a luz
do vento navegar o fogo
que necessitamos para voar.

domingo, outubro 23, 2011

Fogo que nos leva.



Arraial do Cabo, 15 de outubro de 2011.


O mar arde em chamas em movimento,
Provoca a esperança na vida em terra fértil,
Erguendo uma luz multicor nas manhãs e nos entardeceres.

O mar é fogo d’água que alimenta almas,
Fortalece corpos, provoca olhares brilhantes e desejos ardentes
Em romper a melancolia da solidão.

Faz entregar-se a imensidão de encantos e forças trazidas por Iemanjá.

E Posseidon, em sua carruagem de ouro puxada por velozes cavalos,
Faz despertar sobre ás águas as brasas e as fagulhas da vida,
Romper a dor de corações assustados e inundados pelo medo.

O mar avermelha-se como um coração em plena entrega
Aos corpos, peixes, mergulhões e gaivotas que se liberam em seus sonhos.

O mar é harmonia e sincronia na lua cheia,
Quando as sereias saem às terras para encantar e colorir olhares.

O sal de teu fogo vem de além mar,
Foi derramado por homens e mulheres arrancadas de suas raízes
Que chorosos, alegres, felizes ou assustados pisaram em terras novas e desconhecidas.

O mar embala as redes que se enchem de alimentos,
Acabando com a dor da fome de comida, por aprendizagem e por luzes.

Fortalece ainda mais o desejo de imprecisão
Com teus movimentos que chacoalham o Triunfo,
Que avança como vento aumentando tuas chamas.

Não importa que provoque a recordação de fontes em terra (in)segura,
Apenas inspira a seguir avante.

Nem és um cabo, nem um arraial, nem um salvador, é um universo
Ligando povos, descobertas e encontros ainda por nascer.

Faz dos enjôos os desejos de navegar,
Seguir com teu fogo a cantoria das cordas desamarradas dos caís
E alçam vôos em fagulhas que se misturam às estrelas incendiando olhares.

Vem você com seus movimentos incendiar o vento.

Vem abanar minha alma em teu rumo,
Fazer-me parte do teu fogo que propaga e se torna caís seguro,
Enquanto as velas balançam rumo ao norte.

Não mais procuram terras nem ouro nem atracações,
Querem mais labaredas em alto mar,
Ser fogo incendiando a luz da busca por rochas suspensas,
Onde o vento entre pelas janelas de cabeças e olhares
E se transformam em flores sobre as mesas em manhãs.

Teu fogo é combustível para as naus que sabem aonde chegar
E insistem na imprecisão de teu jeito,
De teus encantos e mistérios,
Da tua incerteza em relação ao pôr do sol
Que chega com a lua,
Provocante que desponta vermelha em teu seio.

Você faz a incerteza da existência
Seguir em busca dos ventos com mais labaredas
Que farão meu corpo levitar em tuas brasas e desejos.

O mar é fogo sem saber que é água,
Anima corações a voar livres das verdades e certezas.

É pássaro sem terra nem dono,
Aumenta as chamas nas águas,
Faz da terra combustível para animar a cavalgada oceânica
Nessa imensidão das labaredas que provocam sonhos e delírios.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Vou

Eu sei que eu vou,
Sei para onde vou.
A lua ilumina o sol,
Que a esquenta ao amanhecer.
Entrega absoluta e verdadeira.
Assim vou para onde vou,
Pairando no tempo que me leva.
Praias me chamam a caminhar.
Eu sei que vou,
Sei para onde vou.

quarta-feira, outubro 05, 2011

Um passo a cada nó



Assim começarei minha primeira viagem em alto mar. Não sei caminhar sobre as águas, apenas dou algumas braçadas, que, depois de muitos anos como fumante, deixam-me pesado como um tronco de madeira, que deseja flutuar. Em O Triunfo II, em companhia do mestre do mares António Abreu Freire e do professor João Peralta, iniciarei meu primeiro nó para aprender as destrezas e manhãs dos movimentos das águas que nos levará a vários portos. Embarcarei e irei aprender o sabor dos enjoos e da resistência do corpo, seguindo o roteiro de Martins Soares Moreno. Amanhã cedo, quarta-feira, 5 de outubro, estarei a bordo.

Embarcaria somente em Salvador, mas o tempo me favoreceu, pois, após uma viagem no último final de semana, ainda poderei partir de Guarujá, sentindo como serão todos os nós que navegaremos a margem desse continental Brasil, terra que ainda dará a seu povo a fartura e encantos que oferece, não apenas o carnaval e o futebol, paixões que adoro cantar e falar nas caminhadas da vida. Aprenderei agora a flutuar, velejar, entender a bússola, os ventos, as marés, a solidão de estar em meio às águas sem ninguém nem nada quando estivermos em nossos plantões de vigília. Agora vou navegar, sem precisão, pois os ventos nos guiará, trazendo o tempo onde a lua cheia se aproxima.

Com certeza serão dias de muito aprendizados ao lado dos mestres Antônio e Peralta. Aprenderei a contar a vida que eles me mostrarão em alto mar, a direção do vento para seguir acreditando que a vida vale a pena viver. Viver sem o o medo do luxo, nem da dor do lixo, apenas acreditando que a vida serve para construir sonhos, sonhos coletivos, sonhos individuais, sonhos de uma vida forte e bela como o mar para todos os habitantes da terra, especialmente aos mais novos, que precisam (re)descobrir a importância de sonhar, nem que para isso seja precisar caminhar sobre pedras, deixando o mar e os ventos te levar na direção da paz. Assim aprenderemos a ser mais justos, mais dignos e sinceros com nossos corações e nossas almas, cada instante ou a cada nova maré, mais forte e consciente da importância de viver para navegar.

Embarcarei amanhã pronto a seguir às ordens dos mais experientes, que nos levará a conhecer um pouco mais da história e das terras brasileiras, agora com o olhar partindo das águas do Atlântico.