Tempo de inspirar atos de dignidade e indignação, provocar suspiros em mentes descrentes na vida. Tempo de recordar a resistência. Tempo de caminhar de mãos dadas... (pcbatis@gmail.com)
quarta-feira, novembro 28, 2012
Incendiar a história
Chispas de resistência não se apagam,
Nem se alarmam com corações de gelos,
Corpos retesados sem alinhamento para marchar,
Braços enfadonhos que não mais cerram o punho.
Faíscas históricas animam o fogo,
Inflamam olhares e passos
Que firmes seguem em batalha,
Sem vacilar com o colorido,
Nem os cantos
Anestesiantes disseminados.
Seguir enfrentando esse tempo
Estéril e sem abraços,
Sem multidões avançando,
Sem medo das decepções,
Calúnias e infidelidades
Lançadas pela história.
A resistência persiste em seguir,
Cantar às estrelas,
Mobilizar os protagonistas,
Organizar a esperança,
Peregrinar em direção ao dia seguinte,
Com a alvorada cintilando
Os ensinamentos da Comuna de Paris,
Vermelhos de Outubro,
Dos Quilombos de Palmares,
Das poesias de Mayakovsky,
Dos rebeldes da Sierra Maestra,
Do vento que difunde vida e luz.
Pcb
terça-feira, novembro 27, 2012
Opúsculo da noite
Vem beijar-me, inventar cafuné
Sem alarme nem assombro.
Asseguro apanhar tuas vestes
Lançadas na frente do espelho.
Cantarei para te despertar,
Escutarei teus preceitos,
Brincarei em tuas aduncas,
Matarei minha sede em teu néctar.
Venha perpetrar a alvorada em sensualismo,
Acender o sol com teu calor,
Oferecer aos pássaros reflexão para repousar,
Acariciar as flores com seu odor de suor.
Nada garanto,
Somente cantarei para adormeceres,
Espantar a assombração que arrisca acordar o dia,
Provocar assustar a vida.
Arrumarei os lençóis,
Nem que permaneçam secos,
Somente amarrotados com teus suspiros,
Imitando uma cigarra que adota o crepúsculo.
Vem, venha fazer o avesso se desencontrar,
Cobiçar o laço sem nó,
Com o cetim trançado sobre a lua cheia.
(foto e poema pcb)
Amarelo Brilhante
Sangra luzes
Respira chiados de sementes
Sem terra nem água
Telúricas nas noites
Irradia dias
Deseja ser dia
Clarear olhares
Reflexos de olhares
Amarelos brilhantes
Sorridentes e fadigados
Extasiados de encanto
Sangra a esperança
Germina solidariedade
Canta flores vermelhas
Que dos degraus da escada
Espera a fonte jorrar
Despejar vida .
(pcb)
quarta-feira, novembro 14, 2012
Faíscas inapagáveis
O tempo do silêncio foi longo,
Dores eram soterradas em quartéis,
Gritos sufocados nos escapamentos de automóveis,
Sinistras figuras fardadas propagaram mentiras.
A falsa noite sufocou o dia,
Os porões esconderam o sol,
Unhas extraídas ousaram ficar emudecidas,
Olhares abismados ampararam a esperança,
Descoberta em assustadores alicates sangrentos.
A pátria não era nação,
Nem era brasileira,
Nem mesmo verde amarela,
Um punhado sentia-se dono
Mesmo serviçais do norte
Esmagavam jardins e flores.
Anos assassinos,
Apinhados de paus-de-arara,
Telefones sem fio,
Choques elétricos,
Afogamentos,
Pimentinhas,
Cadeiras do Dragão,
Geladeiras,
Palmatórias,
Estupros,
Torturas,
Morte.
Raios de fogo assaltaram as ruas,
Sementes de combate floriram praças,
Florestas se formaram cantando a manhã,
Desabrochando as folhas da resistência,
Fazendo o horizonte abrir ventanias
Com a luz do mar,
O brilho da lua,
Formando o tempo que sempre recomeça.
Por Pedro César Batista
terça-feira, novembro 13, 2012
Panfleto Verde
Defender a natureza é uma necessidade,
Sentir a beleza das águas do mar,
Dançar em noite de luar,
Vislumbrar as flores do jardim,
Admirar as estrelas brilhantes.
Combater o desmatamento das florestas,
Os assoreamentos que secam os rios,
O envenenamento das terras
por agrotóxicos saídos das bocas de aviões,
Que deixam o ar pesado,
Os lençóis freáticos contaminados
E as mães com o leite materno infectado.
Combater a destruição ambiental
E não se servir de banquetes com magnatas,
Responsáveis pela venda dos venenos,
Pela destruição das matas,
Nem aliar-se aos que perseguem os povos da floresta,
Matam os indígenas e roubam suas terras.
Defender a natureza é não privilegiar o luxo,
Nem fazer demagogia para receber migalhas,
Usando o nome das crianças e sofredores,
E na realidade servindo ao sistema para manter a mentira.
Combater o desmatamento e denunciar a exploração
Das matas, dos rios, das águas e a morte
Levada às crianças, homens e mulheres,
Que de boa fé acreditam em demagogos,
Aliados do latifúndio e capitalistas em sua essência.
Defender a natureza é combater essa prática,
Sem trégua denunciar a concentração
De riquezas e de sonhos,
Sustentados em laboratórios,
Que fazem a todo instante o consumo
Um santo filho sagrado
Do deus Mercado onipresente e onipotente.
Defender a vida é querer a morte,
Desse velho carcomido repleto de lantejoulas coloridas,
Esse brilhante fantasma que se renova com a destruição
Da natureza, da dignidade e da esperança.
Defender a natureza é colocar a vida na frente,
Sem assustar-se com as mentiras espalhadas,
Pelo sistema destruidor e receptor
De vendidos e covardes,
Que dizem falar em nome do povo,
E querem somente se emporcalhar
No lixo do poderoso Mercado.
Defender a vida é romper a passividade,
Encarnar a combatividade e semear rebeldia,
Sem susto com a morte nem a dor,
Nem do desconhecido,
Romper a mentira,
Cantar estrelas, jardins, estrelas e a dignidade
Escondidas em cada ser humano.
Defender a vida é combater os cínicos,
Demagogos e vendidos ao Mercado,
Disfarçados em defensores da vida e da natureza.
Defender a vida é espalhar florestas de homens, mulheres e crianças
Seguidoras de Prometeu,
Dispostas a espalhar o fogo,
Apagar a escuridão.
Por Pedro César Batista
segunda-feira, novembro 12, 2012
Sem cartola
Alice e o chapeleiro maluco
Navegam na tela,
Correm no elevador,
Sem piso preciso para ficar,
Nem buraco para cair.
Ele não busca o chapéu,
Embarca no desejo
E calado discursa,
desanimado com Narciso,
Que se mostra nas tribunas,
Dizendo-se da floresta.
Ele não tem espelho,
Perdeu a cartola,
é sem casaca de couro.
Quer somente o arco íris,
Bailar nas manhãs,
Sem preocupação com as dores,
Nem olhares dissimulados.
Enquanto Alice permanece
Olhando-se no espelho,
Esperando o coelho
Abrir a fenda da luz.
Navegam na tela,
Correm no elevador,
Sem piso preciso para ficar,
Nem buraco para cair.
Ele não busca o chapéu,
Embarca no desejo
E calado discursa,
desanimado com Narciso,
Que se mostra nas tribunas,
Dizendo-se da floresta.
Ele não tem espelho,
Perdeu a cartola,
é sem casaca de couro.
Quer somente o arco íris,
Bailar nas manhãs,
Sem preocupação com as dores,
Nem olhares dissimulados.
Enquanto Alice permanece
Olhando-se no espelho,
Esperando o coelho
Abrir a fenda da luz.
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