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terça-feira, março 10, 2015

Desafinado.





 
Não quero guerra,
preciso de terra boa
onde possa me enraizar
e respirar o vento de novos tempos.


Não quero o último modelo de celular,
nem passar em concurso,
com altos salários.


Sonho com o fim da fome e da exploração,
um novo tempo de braços dados
alinhados com um novo canto.


Quero a paz real.


Quero flores nos cabelos
brilho nos olhares,
crianças correndo
atrás de borboletas.


Não quero bebés em colos pedintes nos faróis,
nem quero a mediocridade desse consumo criminoso.


É preciso novas sementes
que germinem
abraços apertados
verdadeiros
perfumados
apaixonados
pelas pessoas
flores
bichos
e crianças.


Quero esse sonho
brotando em almas
iluminando mentes
apertando corações
no planalto
no sertão
no campo
no Planeta.


Nada de acumular capital
desvairado avarento assassino.


A voz não cala,
mesmo sufocada
pela solidão dos gritos desafinados
que ecoam na escuridão.


Quero combater a desesperança,
semear tempestades,
florir os olhares.




Pedro César Batista

sexta-feira, março 06, 2015

Porta

Nem canta mais a manhã,
O sol se apagou nas folhas levadas ao vento,
Que espalharam sem ilusão o fogo,
Apesar dos abraços dispersos.
Nem mais sabe a direção,
Se perdeu atrás da porta,
Deixando-se iludir pela escuridão,
Apenas com medo da velocidade.
Segue o curso as águas,
Nem se preocupam com represas,
Nem com bordas estreitas,
Apenas buscam nuvens.
Tenta apagar a marca no asfalto,
Crê em ressurreição do solo,
De sementes esmagadas,
Apesar do sangue seco brotando em bocas bíblicas.
Nem canta mais a noite,
As estrelas resolveram naufragar em vinho tinto,
Saboreando gelo seco empacotado em bisnagas.
 Nem sabe mais viver,
Apenas deseja trancar o tempo.

PCB