Páginas

domingo, novembro 29, 2015

Uma vontade de entrincheirar-se
Romper dias novos
Espalhar sorrisos e rosas vermelhas
Adubar o amanhã
sem se espantar com os raios...

Nem acovardar-se diante da burguesia
e seus serviçais e lacaios


Uma vontade de colher beijos
Colher sonhos
Colher água pura.


Uma disposição para o combate.


Onde anda o pelotão?
Onde estão os camaradas?
Onde estão as estrelas ?

Ainda haverá tempo de colheita coletiva


Não me venha com mentiras,
a verdade nem tem cor,
ela é encharcada em sangue.

Não adianta querer dizer que representa o amanhã,
tua velhice e podridão
são históricas,
assim como a dor de combater pela vida.

Nem pense que me enganas,
com tua modernidade,
discursos de autoajuda,
repletos de securas e desamor.

Apenas teus privilégios importam.

Falas em prazer,
desde que seja o teu.

Cantas a solidariedade,
sustentada em teus restos.

Não me venhas mentir,
mesmo havendo aqueles que ainda vão ao teu oráculo,
ele é fétido e reflete a escuridão que propagas.

És camaleão,
sempre adequa-se para manipular,
para seguir acumulando
às custas do trabalho
de quem enfrenta todas as necessidades.

Teu cinismo nunca teve pudor,
nem economizou a morte
contra os que te enfrentam.

Ainda assim,
Palmares resistiu,
a Comuna mostrou o amanhã,
Santa Clara festejou,
Hanói ainda vive.

Ho Chi Minh não mais está nas cavernas,
seus sonhos espalharam-se por todos os continentes.

Prometeu ainda ousa te enfrentar.

Pensas que serás eterno,
enquanto o chumbo derrete,
o céu diluvia-se sobre o deserto,
fazendo o sertão produzir felicidade.

Teu tempo,
cínico burguês,
não tardará a findar.

Serás como fumaça ao entardecer,
confundindo-se com a noite,
deixando apenas as estrelas e a lua iluminarem os passos,
com crianças de mãos dadas espalhando rosas vermelhas,
amarelas e amores perfeitos,
coloridos e dispostos a adubar sonhos.

Não tardará chegar o tempo de luzes,
com flores sendo colhidas por todas as pessoas,
em todas as manhãs.

Pedro César Batista​