Não me venha com mentiras,
a verdade nem tem cor,
ela é encharcada em sangue.
Não adianta querer dizer que representa o amanhã,
tua velhice e podridão
são históricas,
assim como a dor de combater pela vida.
Nem pense que me enganas,
com tua modernidade,
discursos de autoajuda,
repletos de securas e desamor.
Apenas teus privilégios importam.
Falas em prazer,
desde que seja o teu.
Cantas a solidariedade,
sustentada em teus restos.
Não me venhas mentir,
mesmo havendo aqueles que ainda vão ao teu oráculo,
ele é fétido e reflete a escuridão que propagas.
És camaleão,
sempre adequa-se para manipular,
para seguir acumulando
às custas do trabalho
de quem enfrenta todas as necessidades.
Teu cinismo nunca teve pudor,
nem economizou a morte
contra os que te enfrentam.
Ainda assim,
Palmares resistiu,
a Comuna mostrou o amanhã,
Santa Clara festejou,
Hanói ainda vive.
Ho Chi Minh não mais está nas cavernas,
seus sonhos espalharam-se por todos os continentes.
Prometeu ainda ousa te enfrentar.
Pensas que serás eterno,
enquanto o chumbo derrete,
o céu diluvia-se sobre o deserto,
fazendo o sertão produzir felicidade.
Teu tempo,
cínico burguês,
não tardará a findar.
Serás como fumaça ao entardecer,
confundindo-se com a noite,
deixando apenas as estrelas e a lua iluminarem os passos,
com crianças de mãos dadas espalhando rosas vermelhas,
amarelas e amores perfeitos,
coloridos e dispostos a adubar sonhos.
Não tardará chegar o tempo de luzes,
com flores sendo colhidas por todas as pessoas,
em todas as manhãs.
Pedro César Batista