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sábado, fevereiro 15, 2020

Mudez



Uma música desafinada,
Acordes sem ritmo,
Passos bêbados na madrugada.

Tropeções nas palavras,
Quedas inesperadas.

O ar pesado,
Um hálito fétido
Dissemina-se pelo ar.

Nuvens cinzentas encobrem o céu,
Instrumentos em desacordo tentam ritmar a melodia.

Solfejos querem afinar as notas,
Isoladas sem acompanhar a canção.

Verdadeiro canto em desencanto.

O vento não se movimenta,
As folhas não dançam,
Flores não espalham suas cores nem aromas.

Bússolas sem direção.

Instrumentistas se perdem,
Abandonam o rumo.

Eco tão forte,
Sem som,
Ensurdece o tempo.

Pedro César Batista