pedro cesar batista
Tempo de inspirar atos de dignidade e indignação, provocar suspiros em mentes descrentes na vida. Tempo de recordar a resistência. Tempo de caminhar de mãos dadas... (pcbatis@gmail.com)
sexta-feira, abril 25, 2025
Mais um dia - conto
- Bom dia. Falei com a pessoa que cruzou comigo na calçada sob as árvores.
Não houve resposta, ela seguiu como se nada tivesse ouvido.
Continuei até o ponto de ônibus. Peguei o primeiro que passou, estava quase cheio, consegui sentar após a porta de saída do meio do veículo de passageiros.
Quase todas as pessoas no ônibus estavam no celular, ninguém conversava. Alguns mais jovens com fones de ouvido.
A cobradora, que controlava os passageiros que passavam na catraca, também em seu aparelho de soslaio olhava quem passava.
Mesmo algumas pessoas que estavam em pé miravam a tela do celular.
Via-se nos olhares dos passageiros total concentração nas telinhas do aparelho, não mais apenas um telefone, nele se podia quase tudo, principalmente dominar almas, formar valores, controlar movimentos.
Nos automóveis que pararam no farol, os motoristas não perdiam tempo, pegavam o celular e olhavam a tela brilhante do celular.
Ouvia-se apenas o barulho do motor e das rodas sobre o asfalto.
Mais um dia na capital federal, onde a solidão se misturava com a total concentração naquela poderosa arma.
O ônibus seguiu.
Pedro César Batista
quinta-feira, setembro 15, 2022
Ainda haverá tempo?
Onde deixei meus passos?
Não miro mais flores,
um agreste cheio de espinhos,
olhares assustados olham-se nos espelhos.
Uma prolongada noite persiste.
Meu coração ainda pulsa,
minhas veias seguem latejantes,
sou sangue por todo o corpo,
não apenas nos olhos.
Onde ficaram meus sorrisos,
a alegria do encontro, do amanhecer?
Um silêncio ensurdecedor grita em meus pulmões,
será saudade do trago que não dou,
tristeza pelos rios assoreados,
apagamento de sentimentos verdadeiros?
Ainda viverei o canto da dignidade,
sentirei o aroma de jasmim, o orvalho da massaranduba, o frescor do cuidado?
Onde andam as trincheiras,
transformadas em redes virtuais?
Amizades se transformaram em curtidas (se muito).
A terra secou,
sementes deram outros frutos.
Ainda viverei o luar?
Ainda será tempo de florescer?
Pedro César Batista
Marcadores: poesia, luta, revolução, vida
amor,
entrega,
história,
lutas,
Maledicência,
poesia,
resistência,
Socialismo,
solidão,
sonhos,
Traição,
utopias
quarta-feira, abril 20, 2022
Brasília, flor nascente
Sonho de Bonifácio,
no meio do cerrado unir o Brasil.
Projetos ousados de JK, Niemeyer e Lúcio Costa.
Acreditaram na utopia.
Candangos de todos os cantos
acreditaram no paraíso enquanto caiam,
como pássaros sem asas de suas obras.
Padioleiros nem deixavam o corpo esfriar.
Quantas ilusões concretadas?
Dizem:
os mortos do Pacheco,
- muitas versões -
permanecem sob cimento.
Curvas e ipês,
todas as cores,
brilho e céu encantador.
Em largas avenidas máquinas poderosas circulam.
Nos faróis, pedintes imploram e vendem almas.
Barracas e barracos
brotam como cogumelos ao amanhecer.
Precisam de tudo.
Sede e fome.
Melhor qualidade de vida,
desejo comum,
destroçados por pás mecânicas,
esmagando acampamentos.
Altos funcionários,
altos salários,
luxuosas mansões com seus carrões.
Burocratas não tem ideologia.
Discursos, poesias, tribunas e púlpitos,
todos os tipos e gostos.
Brasília,
campeã nacional em desigualdades,
cantada por todos,
miseráveis e poderosos.
Pobres defendem o fascista.
Cidade de direita, reacionária, conservadora,
com um discurso identitário,
libertário e opressivo.
Vale ter,
crachá, títulos, ações na Bolsa.
O paraíso desejado,
projetado em pranchetas,
não foi esquecido,
nem deixado de lado.
Em frente ao Museu do Índio,
uma foice sustenta teu construtor,
tal um martelo.
És sexagenária, com mais dois anos,
uma recém nascida no tempo histórico.
Não decepcionarás teus criadores,
com suas mãos calosas,
crianças correndo no barro vermelho empoeirado,
enquanto levantavas monumentos, prédios e abria túneis.
Teu tempo, Brasília,
ainda nem começou,
haverá o dia que serás uma flor do cerrado,
vermelha como teu barro,
justa como teu luar,
onde todos poderão amar.
Pedro César Batista
no meio do cerrado unir o Brasil.
Projetos ousados de JK, Niemeyer e Lúcio Costa.
Acreditaram na utopia.
Candangos de todos os cantos
acreditaram no paraíso enquanto caiam,
como pássaros sem asas de suas obras.
Padioleiros nem deixavam o corpo esfriar.
Quantas ilusões concretadas?
Dizem:
os mortos do Pacheco,
- muitas versões -
permanecem sob cimento.
Curvas e ipês,
todas as cores,
brilho e céu encantador.
Em largas avenidas máquinas poderosas circulam.
Nos faróis, pedintes imploram e vendem almas.
Barracas e barracos
brotam como cogumelos ao amanhecer.
Precisam de tudo.
Sede e fome.
Melhor qualidade de vida,
desejo comum,
destroçados por pás mecânicas,
esmagando acampamentos.
Altos funcionários,
altos salários,
luxuosas mansões com seus carrões.
Burocratas não tem ideologia.
Discursos, poesias, tribunas e púlpitos,
todos os tipos e gostos.
Brasília,
campeã nacional em desigualdades,
cantada por todos,
miseráveis e poderosos.
Pobres defendem o fascista.
Cidade de direita, reacionária, conservadora,
com um discurso identitário,
libertário e opressivo.
Vale ter,
crachá, títulos, ações na Bolsa.
O paraíso desejado,
projetado em pranchetas,
não foi esquecido,
nem deixado de lado.
Em frente ao Museu do Índio,
uma foice sustenta teu construtor,
tal um martelo.
És sexagenária, com mais dois anos,
uma recém nascida no tempo histórico.
Não decepcionarás teus criadores,
com suas mãos calosas,
crianças correndo no barro vermelho empoeirado,
enquanto levantavas monumentos, prédios e abria túneis.
Teu tempo, Brasília,
ainda nem começou,
haverá o dia que serás uma flor do cerrado,
vermelha como teu barro,
justa como teu luar,
onde todos poderão amar.
Pedro César Batista
quinta-feira, novembro 18, 2021
Amanhã
Ontem pensei que hoje seria o amanhã.
Ainda não aconteceu.
A verdade da mentira segue oficial.
Assassinos históricos,
Torturadores impunes,
Escravocratas sem pudor,
Louvam em púlpitos,
Falam em nome da liberdade,
Deuses e seus milionários ganhos.
Ainda acredito no ontem.
Zumbi ousou fazer um novo Estado,
Dar dignidade ao seu povo.
Babeuf foi fuzilado propagando o hoje,
Que ontem Lenin mostrou ao mundo.
Dezenas de homens públicos,
Assassinaram Marighella em uma tocaia,
Apenas por lutar pela utopia.
Olga deixou Anita,
Prestes venceu todas as batalhas,
A mais longa marcha,
Que segue espalhando horizonte.
Acredito em exemplos.
Discursos precisam corresponder aos atos.
Fora disso,
Basta a demagogia burguesa.
Acredito em abraços fortes,
Olhares brilhantes,
Corações pulsantes.
Pátria ou morte,
Fidel e Che seguem ensinando.
Amanhã não será de três caras,
Nem da dor da fome ou falta de teto.
Amanhã faremos outro mundo,
Somos este jeito de fazer,
Somos ação por pão e amor.
Germinar o amanhã
Como saborear um beijo,
Festejar o povo na rua,
Consciente e organizado,
Disposto a vencer a morte.
Nada de sorte,
Semeadura e colheita.
Acredito que o ontem colherá o amanhã.
Hoje é ontem e amanhã.
Pedro César Batista
Marcadores: poesia, luta, revolução, vida
amor,
avançar,
entrega,
liberdade,
lutas,
oportunismo,
senzala,
Socialismo,
utopias,
vida
quarta-feira, abril 21, 2021
Virgulando
Virgulei, tornei-me Virgolino.
Mesmo ainda com dois olhos que não são cegos,
a continua ajuda de duas lentes, vejo mais e mais.
Sigo virgulando, convivendo entre cactos, aroeiras e angicos,
Calangos e cobras, sou sobrevivente.
Sou vírgula, sirvo a um mesmo rumo.
Nem é noite,
só o tempo é sombrio,
um calor que esfria,
uma claridade que alumia sem dó.
Algumas horas sou reticências, aprendo mais.
Evito ser exclamação, gosto de desvendar enigmas,
ser interrogação encanta, nunca assusta.
As dúvidas fortalecem.
Certezas sempre se questionam,
obrigam-me recomeços,
constroem pontos e virgula,
contrapontos e desencantos.
Virgular para fortalecer o comando,
consignas justas e envolventes.
Ser Virgolino, levar a parabelo sempre carregada,
com ela embaixo da rede estendida,
no peito enquanto o chão é meu leito,
pronto para abrir fogo.
No escuro ver a claridade,
uma pontaria certeira,
sem confundir o alvo.
Sou Virgolino, sempre virgulando,
sem medo de pontos finais.
Pedro César Batista Pedro César Batista
domingo, janeiro 31, 2021
Imensidão
A falta abunda.
Ausência de alteridade
- nem importa a idade,
abraços nos olhares,
acalento em todos os ventos.
Sobeja a falta de afetos.
Arrogantes e individualistas
propagam-se com orgulho,
sem esconder fazem barulho.
Seguidores de assassinos,
falam em nome de um Deus.
Quem se diz diferente,
em seu desespero por status,
não tem pureza nem justiça.
Reina uma solidão.
Não é escuridão,
são luzes intensas,
sem nenhum brilho,
sem nenhum calor,
sem nenhum amor.
Falta ar,
o solo se distância,
reina um vazio.
Por todos os lados,
sobra desamor.
Pedro César Batista
Arte: José Carlos Costa (Tricontinetal - Brasil)
Marcadores: poesia, luta, revolução, vida
amor,
intriga,
Maledicência,
oportunismo,
solidão,
Traição,
utopias,
vida
sábado, janeiro 30, 2021
Encarnado
Letras marginais disformes,
Lapidam encontros em utopias,
Formar canteiros de fuzis cantantes.
Declamam poemas sem susto nem pressa,
Desencontros em quadras sem rima.
Não querem anúncios em redes nada sociais,
Cobiçam colorir céus com todas as cores.
Querem espalhar acordes nos muros,
Não aprender a cantar,
Nem soletrar o sepulcro do mercado,
No desemprego que não desencanta,
Nem apaga a solidão,
Insistente em cada olhar,
Em cada tecla que crê ser única.
Palavras como chispas,
Espalham-se sem fronteiras.
Enfrentam pontos sem ponto desapontadas,
Uma teia que não se forma.
O Bem-te-vi briga pela pétala vermelha
Não desiste.
O vento lhe ajuda.
A chuva parece chegar,
Cartas manifestos histórias,
Querem brotar.
Insistem em espelhar brilhos,
Sem espelhos,
Nem desesperança.
Sem ilusão.
O horizonte encarnado
Me chama me clama.
Encanta cada letra.
Pedro César Batista
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