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quarta-feira, junho 05, 2013

Venta forte



Derrubar fronteiras,
cantar a intifada planetária,
uma intermitência contínua,
até aniquilar o medo,
enterrar a desesperança
e erigir um novo horizonte
com oliveiras carregadas,
resistência sem susto,
o sorriso se espalhando.

Quantos árabes ainda morrerão?

Quantos guaranis, pataxós, mundurucus será preciso enterrar?

Quantas crianças ainda precisarão morrer?

Nem as mentiras da TV ou dos sermões
deterá o vento,
com suas tempestades
sangrando almas e corpos
com punhos erguidos.

(pcb)

Fim de tarde



Por detrás da Esplanada,
em plena tarde de domingo,
a criança tenta apanhar goiaba,
outra vem pedir moedas.

Sua mãe lava roupas,
em uma torneira no fundo do ministério.

Um bebe espera no carrinho.

Os cabelos longos da menina,
com o olhar de sobrevivente,
avança sem destemor,
acostumada com a dor e a fome,
para pedir.

Sua infância foi aniquilada,
cata coisas, comidas e resiste.

A menina da goiabeira,
como uma guerreira anuncia a defesa,
fala firme como fosse ser agredida,
pronta para atacar.

A mãe continua esfregando as roupas,
as crianças acalmam,
ainda acreditam na vida,
enquanto as goiabas verdes saciam a fome.

© Pedro César Batista - 2013
Foto minha.

aquecer

Passos da história,
ondas em movimento,
avançar sobre rochas,
seguir um novo tempo,
aquecer utopias,
semear indignação,
resistência fazer brotar nos olhares,
em braços abraçados
pela vida e por manhãs
ensolaradas distribuir flores,
de todas as cores,
em cada canto do amanhã.

(pcb)

Terra pensa


Nem sabe o sol que a lua o espera ,
sedente e cheia de desejos.

Nem imagina a terra,
o prazer da semente em germinar.

Cantando a ventania acredita espalhar esperança,
perfumar os olhares e amainar os sentimentos.

Ainda assim as crianças permanecem logo ali,
espalhadas pelos faróis pedindo moedas.

(pcb)