Páginas

sábado, junho 10, 2017

Opacidade



As cortinas se fecham.
Luzes continuam acesas.

Olhares ávidos se ofuscam,
Querem mais e mais e mais.

Um vício insaciável.

Nem chegou ainda o dia.

O palco permanece resplandecente,
Tanto quanto a lua,
Sem luz própria.

Espelho.

Cada reflexo um umbigo.

Saramago mostrou a epidemia.

Os cães ladram,
Veem e se assustam.

Quando a cortina se levantará?
Quando se verá o outro?
Ver-se no outro.

Uma escuridão sem fim.

Pedro César Batista