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domingo, abril 29, 2007

Manhã de domingo de abril




















Todos caminham,
lembrando uma praia,
o ministro me cumprimenta,
o vendedor de coco
conta estórias sobre a ventania.

Uns usam tênis de marcas caras,
diferente da praia,

onde todos ficam descalços.

Outros caminham de chinelos,

puxando seus vira-latas.

Crianças correm em bicicletas,
senhoras praticam cooper,
mostram seus corpos,
muitos belos corpos,
como se donzelas fossem.

Casais de mãos dadas

descem a ladeira
sobre o asfalto,

rumo ao final da asa

do avião pousado,

em pleno planalto central.

As marcas de pneus,
antes dos pardáis,
estão bem definidas,
diferente do sol que ainda se esconde,
o vento gelado trazido pelas nuvens
deixa o tempo ficar cinzento.

As nuvens seguem para o sul.

Prefiro o norte,
lá o vento é mais quente,
as flores mais alegres,
os pássaros mais cantadores.

É domingo no eixão,
e mesmo sem o mar,
vejo o horizonte por todos os lados

nessa cinzenta manhã
de final de abril,
mês de aniversário da cidade.

Logo será maio,
tempo de recordar as lutas dos trabalhadores
e carinhos dos que tem mãe
para isso lembrarem,
darem e receberem.

É domingo,
as pessoas caminham.
Para onde vão?
Alguns devem saber,
outros já imaginam ter chegado,
outros ainda nem sabem

onde querem ir.

O mar os espera,
com suas praias,
onde as desigualdades são menores,
todos andam descalços

e seus peixes matam a fome

dos famintos que dormem,

ainda dormem,

sob as ávores

que ladeiam a larga avenida.

Lá não é preciso dizer,
- ainda hoje há os que dizem -
sabe com quem está falando?

É manhã de domingo
e muitos seguem no asfalto do eixão,
passando sobre as marcas bem definidas
das freiadas bruscas e desesperadas
dos motoristas antes dos pardais.


As crianças e adultos em suas bicicletas
nem mesmo percebem quem os observa,
apenas sentem o vento frio do outono os acompanha

na ladeira abaixo rumo ao norte.

quinta-feira, abril 26, 2007

Nada de armas.
Falta-lhes ousadia.
Não tem revolução

porra nenhuma.

O que querem são mentes

para seduzir.

Ideologias sustentando egos.

E uma pseudo-práxis lida
em orelhas de livros

mofados.
Débil até os ossos.
Cínicas em demasia.


Lúcia Araújo


Sou feito de estrelas.
Meus olhos devoram o sol nascente.
Carrego em meu ventre
o alimento das plantas,
as dores dos esquecidos,
os sonhos do povo,
as virtudes dos libertinos.
Em silêncio
pinto com meu sorriso
um arco-iris encantado.
E chamo o mundo pra dançar.!


Lúcia Araújo


segunda-feira, abril 09, 2007

BRILHO
















Tempo que não volta,
anda para a frente.
Busca encontrar o sol
ou quem sabe o destino do tempo.
Quem sabe o perfume das planatas
ou então o brilho ds estrelas.

Busca sempre
o sonho e o sorriso
das crianças nos adultos
e o cheiro da água salgada
no corpo molhado de suor do amor.

Ou então apenas caminha para o amanhecer
levando o tempo que não veio ainda.

Ou será que viver é ser uma flor
espalhando sementes,
com pétalas se esvoaçando com os olhares
desejos de um jardins para todos.

Os olhares perdem-se
e tentam se encontrar
em estradas iluminadas ou escuras.

Seguem pelos cantos dos olhos
sempre buscando o tempo de viver.

Nada viver,
apenas cantar
a lágrima que costumeiramente escorrega
pelos cantos dos sonhos.
E desejos buscados,
sempre.

(23.03.2001)