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terça-feira, dezembro 29, 2009

2010 - caminhada continua...





O tempo anda cinzento,
muitas pessoas estão frias,
multidões continuam famintas
e obrigadas a viver na escuridão.

Nada disso desanima a caminhada,
os passos seguem
em busca de um mundo melhor,
mais fraterno e mais justo.

Sozinho não adianta muito,
precisamos nos dar às mãos,
fortalecer os abraços
e animar o sonho.

Tudo é possível,
precisamos estar juntos
no plantio e na colheita.

terça-feira, dezembro 15, 2009

I CONFECOM

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Viva a resistência! Fora Arruda!!

Viva a resistência! Fora Arruda!!

Pedro César Batista, escritor e jornalista.

A internet e a televisão brasileira têm mostrado uma grande quantidade de imagens com a divisão do resultado da corrupção dos governantes do Distrito Federal. O esquema, segundo a Polícia Federal, era chefiado pelo governador Roberto Arruda, envolvia secretários, um terço dos parlamentares da Câmara Distrital e três desembargadores do TJDF. São tantas as gravações que sempre aparece uma nova denúncia. As mais recentes mostraram o repasse a parlamentares federais de vários estados, inclusive o envolvimento do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer.

Como resposta a essa bandalheira, um grupo de estudantes e lideranças de várias organizações de Brasília ocupou a sede do legislativo local. Foram apresentados, por vários grupos e pessoas, sete pedidos de afastamento do governador. Pipocam manifestações por todos os lados na defesa da punição desses corruptos. Especialmente o impeachment do governador, que não é réu primário, depois que violou o painel do Senado.

Em 2004 o Brasil conheceu o que ficou conhecido por mensalão. Ocorreram manifestações de rua e ainda hoje há ações tramitando no STF. Agora, o PFL, digo DEM, mostra um esquema semelhante, bem mais estruturado, pois envolveu os três poderes. Um esquema que vem desde os tempos do coronel Joaquim Roriz, que foi obrigado a renunciar para não ser cassado. Se dentro do Congresso Nacional e nas estruturas do aparelho de Estado do Distrito Federal isso ocorre, podemos imaginar o que acontece no interior do Brasil, um país continental.

Conquistamos o restabelecimento das liberdades políticas após derrotar a ditadura militar, afastamos Collor de Melo da Presidência da República, com a descoberta do esquema montado pela gang que estava no poder. Naquele momento havia uma unidade das forças democráticas e populares para desenvolver as lutas e enfrentar os inimigos. Juntos, partidos, centrais sindicais, igrejas, movimentos populares e estudantis conseguiram realizar grandes mobilizações. Milhões de pessoas foram às ruas defender a ética na política.

Decorridos 20 anos podemos verificar a pulverização das ações em defesa da construção da cidadania e de um mundo melhor. O discurso feito pelo ideólogo da ditadura, Golbery do Couto e Silva, parece ter vingado. Enquanto na Argentina os milicos que prenderam, torturaram e mataram são julgados e condenados, aqui, em terras verde-amarelas, Delfin Neto, o todo poderoso da ditadura, transformou-se em guru do presidente, um ex-preso político. Ao mesmo tempo, as organizações que enfrentaram as balas e a morte nesse tempo de horror, agora disputam uma fatia de poder, aparições no jornal das 8 ou o medo do surgimento de novos atores. A palavra de ordem “O povo unido jamais será vencido” foi abandonada, ficando apenas o discurso para agregar amigos, afilhados e seguidores.

No caso de Brasília essa divisão fica evidente. Porque foram apresentados oito pedidos de impeachment de Roberto Arruda, no lugar dos movimentos, partidos e pessoas interessadas realizarem uma plenária para agirem de forma unitária. Porque a população não participa, mesmo se revoltando, das manifestações contra os corruptos e a corrupção? Lembro-me do tempo em que as organizações tentavam “recrutar” novos militantes, agora, percebe-se uma insegurança nos dirigentes e militantes quando aparece alguém que não é do grupo.

Isso tudo chama a atenção. O Brasil continua como um dos países com a maior concentração de renda no mundo, o analfabetismo ainda é uma chaga em nossa sociedade, a corrupção é algo corriqueiro nos atos da maioria dos políticos, que abandonaram a política e passaram a atuar como meliantes, e, apesar de tudo, não se constrói a unidade em defesa da ética, da justiça social e não são realizadas as mobilizações necessárias.

A cara de pau de políticos corruptos, mostrada em rede, negando o que é visto não é um fato concreto que exige a unidade dos que se dizem ao lado dos mais pobres e necessitados? Será que a prática política da direita, a busca desesperada pelo poder, contaminou a maioria?

O poeta angolano Agostinho Neto, líder da luta pela independência daquele povo, deixou escrito: “não basta que seja justa e pura a nossa causa, é necessário que a justeza e a pureza estejam dentro de nós”. Na atualidade, onde o sentimento neoliberal se tornou uma pandemia, será impossível resgatar esse sentimento?

domingo, outubro 25, 2009

Trovões brilharam sonhos
























Luzes se foram
o olhar esperançoso ficou
com o caminho ensinado
como espalhar sementes

Lenin e Mayakovisky
marcaram o tempo
conquistas e sangue
poesia e vida

Uma escuridão de cores
entardece sonhos
ilusão cósmica moderna

Passaram-se 92 anos
trovões brilharam sonhos
vibraram mais fé na esperança e na vida

A resistência do tempo
anima o vermelho sangue
que corre no espírito
das estrelas que insistem
em semear brilho e conquistas

Luzes sempre chegam
cantam flores e espinhos
iluminam passos e alvos
no centro do planeta homem

terça-feira, agosto 25, 2009

TeFé



Uma sereia

e um boto se encontraram

e nada falaram.

O rio se escondia,

entregando-se para a noite

que chegava.


Cada qual seguiu seu rumo.


O tempo,
quente e parado,
como uma noiva,
tudo observava.


Tanto sangue e dores
Lavados naquelas águas
Cheia de vida.


Um encontro do tempo e do vento,
Cantando o riso da floresta,
Ainda virgem,
Cheia de prazer,
Dado e vivido,
em gotas de suor encarnado.


Corpos,
Copos,
Fome,
Saciar.


Saciar um novo tempo,
Mirando o verde do olhar
Ainda procurando a sereia
Na beira d’água.


Buscando o encanto,
Buscando o vento,
Buscando o desconhecido,
Ainda ontem perdido,
Nas curvas do quadrado
Desencontrado.


O vento é folha seca,
Flutuando no espaço
olhando às águas
quentes dos sonhos.


Sereia quem és tu,
Que, como o boto,
Continua boiando ao entardecer
Como se a manhã
Fosse um feitiço
Descoberto em terras desconhecidas?

terça-feira, agosto 18, 2009

Balanço o mar

Venho e canto

Balanço o mar

Um tempo vem e vai

Um tempo que não existe


Venho e canto

Balanço o mar

Um tempo que virá

Um tempo que nascerá


Venho e canto

Canto

Canto

Um tempo que virá

Venho e canto

O tempo que nascerá.

domingo, agosto 02, 2009

Fada da Imaginação



























Um medo da vida


Semente assustada com a terra


Flor fugindo do sol


Gota de orvalho querendo tempestade


Encantada com a dor


Espanta sonhos e beijos


Para longe de seus olhos





Cada manha um pouquinho do fim


Que nunca começa nem chega


Em camas desesperadas por ouro em pó


De tanto sentir dor da solidão


Acredita ser fada do prazer





Não tem vassoura nem voa


Deusa da imaginação em corpo de colibri


Encanta passos em sua direção


Perdida por medo de amar





A lua inveja sua beleza


Olhos se fecham sem espelhos


Encantadora sem crer no amor


Desesperada na escuridão


Deixando mãos escaparem


Por medo de viver.

terça-feira, julho 28, 2009

Relâmpagos almados


























Relâmpagos almados
Devastando corpos e sonhos
Arrasando o tempo
Que desabrocha mais flores,
Espalhando mais sementes e
Iluminando a caminhada.

Sorrisos acarinhados
Deixa os corpos mais leves
Nuvens transformam-se em perfume
Com cheiro de éter e amor
Descobrindo um novo sonho
Que se realiza cheio de vida.

Caminhar a vida com direção
Seguir o brilho das flores
A força das sementes
A resistência do amor
A crença na ação humana
(humanos tentam fazer-me descrer, não conseguirão)
Semear o sorriso verdadeiro
Cantar o abraço prolongado

Um relâmpago almado
Levou-se ao espaço
Deixando-me com os pés
Mais firmes na caminhada
Entre quadras e flores
Buscando me seguir.

domingo, julho 19, 2009

Sangue e solidão


Cada gota de suor
quer terra
semear
e brotar
sonhos reais.
Cada brilho
no olhar
quer um beijo
prolongado como o desejo de viver
cantando a vida.
Sigo sobre pedras
e espinhos
esperando
quem não me vê.
Sigo as marcas
das gotas
de meu sangue
deixadas no tempo
e na solidão.

quarta-feira, julho 15, 2009

Solidão


segunda-feira, julho 13, 2009

Olhar iluminado

Sem canto nem dono
senta em estreals
cavalga em astros
percorre universos
vai pelo cosmo
arrebatando cometas.
Sem tempo nem corpo
átomos na escuridão
almas se iluminam
encantadas por sonhos.
Sem choros alegra galáxias
desbrava vias lácteas
encanta espíritos e distâncias
pupilas brilham encantadas
disperssas no planeta
querendo ser encontradas.
Sem canto nem dono
percorre astros
em caminhos estelares
fitando mares e terras
seguindo ao infinito...

quinta-feira, julho 09, 2009

Inverno quente















Um som forte adentra a alma
Direcionando-a intensamente ao desconhecido
Mais de uma vez conhecido no passado
Passos caminham como soubessem aonde chegar
Firmes e certeiros ao alvo
Daquilo que não se sabe onde levará

Uivos ecoam no corpo
Fazendo-o tremer intensamente
Êxtase e desejos apoderam-se do rumo
Em direção ao brilho de flores perfumadas
Que engolem e fazem gemer
Como um canto de lua cheia.

Deixa surdo pelo brilho que vê
Cego de tanto falar desejos
Mudo por ouvir os sons d’alma
Luando segue a direção
Crê no que olha, ouve e sente.

Tudo cresce como ondas em alto mar
Vem ao encalço adentrar o olhar
Tomando conta dos ouvidos
Alimentando o corpo em manhãs assustadas
E quentes do inverno florido pelos Ipês.

domingo, junho 28, 2009

Flutuar em teu corpo
















Pele ressecada jogada ao solo
Espera a chuva
Espalha-se de desejos por germinar
Mistura-se aos grãos e folhas caídas
Luando-se espera ser vida
Ser sonho e brilho
Flutuar nos olhares que não respondem
Cair em braços que não se abrem
Molhar-se em línguas de bocas fechadas
Movimentos nas ruas e nos céus
Gritos e sussurros de êxtase
Pele ressecada quer chuva
Ser semente se encontrando com a terra
Brotando rosas e amores perfeito.

sábado, junho 20, 2009

Quadrilha na Praça dos 3 poderes

Aline



















Ipês estão florindo,
a noite é mais fria,
o olhar vai longe...
Busca tempestade,
flores...

Sementes desabrocham solidão,
brotam mundos em luzes,
em estrelas passantes
entre quadras assustadas
e desencontradas de concreto...

Flores caem,
passos vão em sua direção,
querem calor,
encanto e magia
de carne e olhar brilhante...

Da janela as flores
continuam olhando o vento passar,
ouvem Aline, de Los Hermanos,
e dançam a música do tempo...

quarta-feira, junho 10, 2009

Quem...

















Ontem me perguntei:
- Quem sou?

Hoje, respondi:
-Quem és tu para me perguntares isto?

domingo, junho 07, 2009

Passos a seguir



















(à mulher que não conheço)


Não tenho medo da lua cheia,
nem da busca dos algozes por capital,
continuo contando estrelas,
que pipocam em cada esquina ou quadra,
mesmo que não me vejam...

Flores me iluminam,
com suas dores e encantos,
cantantes solitárias como meus passos...
ainda sonho em te encontrar...
você é real,
calor, abraços apertados e beijos, longos...

Não tenho medo da calúnia,
dos que semeiam a mentira
usando o nome de seus deuses,
acreditando tão somente em 30 moedas....

Minha alma dança a música da vida,
é humana e está só,
crê na ventania de beijos apaixonados,
multidões conquistando sonhos.....

Queria você ao meu lado
dançando essa bela música,
entre estálos de estrelas se encontrando
e firmeza nos passos a seguir...

segunda-feira, maio 18, 2009

“Valsa com Bashir”













O filme “Valsa com Bashir” relembra o massacre praticado por milícias cristãs, com o apoio do Exercito de Israel, quando este país ocupava o Líbano,em 1982, nos acampamentos de Sabra e Chatila, na periferia de Beirute. A obra, através do desenho animado, mostra personagens atormentados pelo passado na juventude, quando matavam sem culpa e sem entender bem o que acontecia. Cumpriam as ordens dos comandantes, entre os quais Ariel Sharon, ainda na atualidade um homem poderoso e chefe de crimes contra os palestinos.

Dirigido pelo israelense Ari Folman, que durante o período contado servia o exército israelense, a obra tem a sensibilidade de quem acredita que a arte transforma, mesmo mostrando a morte, imposta com a covardia de um exército poderoso contra refugiados indefesos. É uma verdadeira auto-crítica pelo que ele mesmo vivenciou em sua juventude. Conta a história e a versão dos que praticaram o massacre.

Uma animação que mostra a crise de homens que praticaram a morte de milhares de palestinos, a maioria composta de idosos, mulheres e crianças. Vincula a história dos massacres cometidos pelos israelenses contra os palestinos aos campos de concentração nazista. Com desenhos fortes, bem traçados e, no final, imagens assustadoras, essas reais, em que mulheres desesperadas choram a dor da perda de seus familiares. Um filme que deve ser visto por todos que acreditam na importância de defender a vida, além de ser inovador, criativo e muito ousado.

sábado, maio 09, 2009

sexta-feira, maio 01, 2009

Fora Gilmar Mendes!!!

domingo, abril 26, 2009

Breu e luz




















O breu da vida será a morte
ou a morte será a luz da vida?

Cada um por si,
como fossem átomos,
semeando medos e inseguranças.

Olhares perdidos
tentam descobrir caminhos ou
veredas em mentes entediadas
nas tardes do domingo.
Nem a missa ou o Faustão animam sonhos,
ampliam o vácuo e a distância
nos passos que não se encontram.

Flores desabrocham
enquanto almas viram vil metais nas madrugadas
em esquinas e avenidas imundas
cheias de propagandas, cores e luzes.

Uma escuridão alimenta os passos
de caminhantes errantes
entre a desilusão e sonhos
de ganhar na loteria.

Quem quer semear esperança
e colher flores?

Quem quer um olhar sorridente
na manhã ensolarada de quarta-feira?

Acender a luz vermelha,
os passos mais velozes ficam
em busca dos gozos pós-moderno.

Quem brilha o tempo mais
que a morte do velho?

domingo, abril 19, 2009

Voar para a vida


















Seguir rumo ao pouso,
Buscar o caminho,
O jardim e a flor.
Em terras desconhecidas
Caminhantes se cruzam
Em olhares desencontrados.
Ilhas errantes seguindo seus passos.
Nada sabem uns dos outros,
Respiram o mesmo aroma
Sem perceber que vivem do mesmo pulmão.
Pensam ser fortes
E são folhas usadas, dobradas
E guardadas em gavetas da história.
Imaginam andar sobre o mar,
Alimentando-se de sonhos.
Uns seguem com passos firmes
Sentem espinhos em seu caminhar
E transformam pedras em alimentos
Despejando sangue em seus corações.
Assim conseguem forças,
Enfrentando suas feridas e dores
Transformadas em conquistas.
Escuridão em brilho de breu na floresta.
O tempo sempre traz novos olhares,
Cantos tristes se tornam tempestades,
Olhares perdidos atravessam oceanos,
Almas certeiras saem para o vento buscar.
Voam mais e mais um novo tempo.

quinta-feira, abril 02, 2009

Seguirei meu voo










Um olhar me conquistou,
era virtual,
desejei vê-lo real
sorrir com seu brilho
cantar com sua luz
ser feliz com seu perfume
sonhar com seus passos
baixar âncora em porto firme
para voar no horizonte
esse olhar nem me viu
cantou todas as flores
iluminou todos os caminhos
nem me viu
tentando encontrar seu canto de olhar
que belo voar
seguirei minhas asas...

terça-feira, março 24, 2009

A vida para defender a dignidade















Assisti ”Gran Torino”, filme de um de meus diretores preferidos, Clint Eastwood. A história começa com o sermão de um jovem padre de 27 anos, durante o velório da mulher do protagonista. O sacerdote argumenta que a morte traz tristeza e alegria. Tristeza aos que ficam cheios de saudades dos que se vão e alegria aos que partem para uma vida no “paraíso”. Que isso faz parte da vida de todos.

Walt Kowalski, o protagonista, representado por Eastwood, é um veterano da guerra contra a Coréia. Ele não se dá com os filhos, a nora, a neta ou os vizinhos. Com a morte de sua esposa sua única companheira é uma velha cachorra, a cerveja e o cigarro, além de suas recordações da guerra. Ranzinza, conservador e autoritário não se dá com ninguém em seu bairro, transformado em uma comunidade de populações vindas da Ásia. Os moradores da casa ao lado da sua vieram do Laos. Inicialmente detestados por Walt acabam tornando-se seus únicos amigos e protegidos.

O filme termina da mesma forma que começou, com um velório e o mesmo padre falando da vida e da morte. O protagonista mudou completamente ao longo do filme. Doente e solitário usou sua experiência de vida, e principalmente, seu conhecimento com a morte para defender seus novos e jovens amigos. No final do filme quando as luzes da sala são acesas, permanecemos pregados nas poltronas, sem saber para onde seguir.

Os filmes de Eastwood provocam um rico debate sobre a importância da vida, de uma forma rica e educativa para seus personagens e a platéia. A dignidade destaca-se como tema central em seus filmes. Isso ocorreu em “Menina de ouro”, “Appaloosa – uma cidade sem lei” e agora em “Gran Torino”. Qual o valor da vida se não existir a dignidade? Qual bem tem mais valor que a vida? Será bens a vida, ou mesmo a morte? Será a vida o maior de todos os bens? Por que alguns preferem a morte? Tantas são as perguntas provocadas após assistir suas películas.

Em “Appaloosa – uma cidade sem lei” dois justiceiros, que trabalham juntos há muito tempo acabam, no final do filme, separando-se, porém, conservando a amizade. Um deles resolve começar uma nova vida, depois de conhecer uma mulher. Eles haviam prendido o chefe dos bandidos, entregando-o a justiça que o condenou à forca. O presidente dos EUA, amigo do bandido, acaba perdoando seu amigo. O parceiro do justiceiro, por respeito ao amigo e a dignidade que sempre defenderam, resolve continuar sua peregrinação. Antes de partir, no entanto, mata o chefe dos bandidos, que abandonara a vida do crime, mas continuava despeitando todos por ser poderoso. Um bom debate sobre a importância da ética na vida, independente da atividade profissional que se desenvolva.

Os filmes de Eastwood mostram a importância da amizade. O cuidado com o outro, deixando-o sempre mais forte, assim foi com “Menina de Ouro, “Appaloosa – uma cidade sem lei” e em “Gran Torino”. Esse é um dos maiores bens propagados nos filmes desse cineasta. Dar a vida para defender a dignidade dos mais fracos é a forma mais verdadeira de provar a amizade. Os filmes de Eastwood mostram que precisamos estar dispostos a comprovar aquilo que falamos. Muitas vezes sem mesmo pronunciar uma palavra sequer, mas com atos que comprovem o compromisso ético com a solidariedade e o respeito à vida. Mesmo que se morra para isso, como fez o veterano de guerra Walt para assegurar uma vida digna aos seus novos e jovens amigos vindo do Laos.



PS. O Filme Appallosa - Uma cidade sem lei que afirmei ser dirigido por Clint Eastwood foi um equivoco. O diretor do filme é Ed Harris diferente do que citei acima.

sexta-feira, março 20, 2009

PEDRO BATISTA É ENTREVISTADO PELO ICC

Por Jose Marcio
20 de março de 2009


http://cidadecidada.org.br/content/view/107/1/


Jornalista, escritor, gestor e militante social. Este é Pedro César Batista. Em entrevista ao Instituto Cidade Cidadã, Batista trata de diversos assuntos extremamente atuais, como a reforma agrária, participação popular, o papel da imprensa, a crise mundial.

Durante o Fórum Social Mundial, realizado em Belém, relançou o livro "João Batista, mártir da luta pela reforma agrária - impunidade do Pará", que retrata a luta da reforma agrária e de seu irmão, assassinado pelo latifúndio há duas décadas. A publicação tem a apresentação de João Pedro Stédile, líder do MST.

Experiente, Pedro atuou movimento estudantil nas décadas de 1970/1980, foi assessor parlamentar e coordenador da Assessoria Comunitária e do Orçamento Participativo (OP) em Peruíbe, na gestão do prefeito Alberto Sanches Gomes (1997-2000). Atualmente atua como assessor sindical em Brasília e jornalista, e mantém o blog www.pedrocesarbatista.blogspot.com.








ICC - Durante o Fórum Social Mundial, em Belém, você relançou o livro "João Batista, mártir da luta pela reforma agrária - impunidade do Pará", pela Expressão Popular, onde retrata a luta da reforma agrária e de seu irmão, assassinado pelo latifúndio há 20 anos. Como vê a impunidade no campo? Porque casos como de João Batista, Irmã Doroty e Margarida Alves, por exemplo, continuam a acontecer?

Pedro - Meu livro João Batista, mártir da luta pela reforma agrária mostra que os dados da violência no campo brasileiro são assustadores. Entre 1964 e 2007 foram assassinados 2.187 pessoas ligadas a luta pela reforma agrária. Do total desses crimes nem duas dezenas de casos os pistoleiros e mandantes sentaram no banco dos réus. As condenações não chegaram a uma dezena. Em contrapartida verifica-se uma feroz campanha, através da mídia, transformando os que lutam pela terra em violentos. Qual a causa disso tudo? A não realização da reforma agrária e a impunidade dos criminosos. Nos EUA, por exemplo, ao conquistarem sua independência em 1776, uma de suas primeiras ações foi a execução da reforma agrária. O Brasil até hoje, no limiar do século XXI, não realizou a sua. Muito pelo contrário, para alguns senhores da terra falar em reforma agrária é inaceitável. Temos, inclusive, alguns oligarcas latifundiários que controlam enormes poderes na República, como o Presidente do Senado, José Sarney, e a bancada ruralista, que tem como expoente o deputado goiano, Ronaldo Caiado, que após o fim da ditadura coordenou a fundação da organização dos latifundiários para combater a reforma agrária, a UDR. Caiado e sua quadrilha comandaram a violência no campo por muitos anos, e agora posam de "democratas". É preciso definir um novo limite a propriedade rural no país, executar a reforma agrária efetivamente, pois somente onde os trabalhadores lutaram isso foi possível. Felizmente os movimentos de luta pela terra continuam nas ruas, estradas, campos e lutando pela liberdade da terra, a verdadeira mãe da vida. Em relação a impunidade é preciso que a sociedade comece a denunciar a conivência do judiciário com essa violência. O Poder Judiciário tem laços profundos com o latifúndio, são dois lados da mesma moeda. A luta pelo fim da impunidade passa por denunciar a morosidade e cumplicidade da Justiça com esse massacre que vem sendo cometido contra os camponeses e seus defensores. As declarações recentes do presidente do STF, Gilmar Mendes, mostram claramente os verdadeiros compromissos de classe desse poder que vive de costas para a sociedade. Somente a mobilização social poderá efetivar a reforma agrária e colocar fim a impunidade reinante.

ICC - Os Poderes Executivos e Judiciários são omissos com a violência no campo?

Pedro - A contradição inerente na composição do Poder Executivo ao mesmo tempo em que assegura a governabilidade necessária, impede que se avance nas conquistas dos trabalhadores brasileiros. A política agrícola prioriza o agronegócio, responsável por grandes danos ambientais, o uso do trabalho escravo, a prática da corrupção ativa permanente e a manipulação de recursos públicos, com uma produção voltada para atender o mercado internacional. Já a agricultura familiar, responsável por 70% da produção de alimentos no país, convive com a biodiversidade, emprega e produz com baixo custo, não recebe o devido apoio do governo. Para os primeiros são destinados 70 bilhões de reais, enquanto para os segundos não chega a R$ 12 bi. As principais ações da política agrícola estão voltadas pra o agronegócio, enquanto a agricultura familiar recebe uma atenção em segundo plano. Isso alimenta a ação criminosa do latifúndio e a conivência do Judiciário. Comprova, assim, que a estrutura do Estado está a serviço dos grandes detentores de riquezas, seja no campo ou na cidade. A crise econômica é a prova disso. Mais uma vez o pagamento da irresponsabilidade do capital e de governantes é colocada sobre as costas dos trabalhadores.

ICC - Como analisa o processo de reforma agrária no Brasil? E o MST, como avalia suas ações e, muitas vezes, a tentativa de criminalização dos movimentos sociais?

Pedro - Somente onde ocorreram mobilizações, com acampamentos, ocupações e resistências conquistou-se a terra. Assim foi desde a implantação da República, em 1889. Passamos por várias ditaduras, com pequenos momentos democráticos, e desde o final de 1950, com as Ligas Camponesas; essa foi a única forma que se possibilitou avançar na luta. Atualmente as ações do MST, MLST, Contag, CPT e outros grupos pelo campo brasileiro comprovam que o único caminho tem sido a luta. O dia em que houver um governo que se disponha a romper com o latifúndio terá de fato uma guerra declarada. Hoje os latifundiários matam com a complacência dos agentes públicos e os assassinos ainda vão à mídia afirmar que quem é violento são os que morrem por lutar pela terra. A criminalização dos movimentos faz parte dessa estratégia da elite econômica brasileira em aprofundar seu poder e tentar isolar os movimentos sociais. Mas não conseguirão. Em 10 de março passado foi lançado, em ato no Senado Federal, a Aliança Camponesa Ambientalistas, composta por movimentos que lutam pela terra e que defendem a biodivesidade e o meio ambiente. Verificou-se que a agricultura familiar está intimamente ligada a luta em defesa do meio ambiente, enquanto o agronegócio, com todo apoio oficial, continua criminalizando os movimentos e devastando a natureza. A criminalização faz parte das ações do latifúndio e seus asseclas para intimidar a luta pela reforma agrária. A resposta foi a criação da Aliança Camponesa Ambientalistas, que precisa ser agregada por todos os verdadeiros democratas e apoiadores da reforma agrária e defensores do meio ambiente. Essa luta é única.

ICC - Neste contexto, como vê o Governo Lula e as políticas públicas para a população, a reforma agrária e urbana, a democracia?

Pedro - O Governo Lula ao mesmo tempo em que avançou nas relações com a sociedade civil, criando instrumentos de participação e debates, deixou a desejar em muitos aspectos. Fundamentalmente por colocar à frente de funções estratégicas, figuras que aplicam a velha prática do clientelismo. Assim mesmo temos avançado bastante. Poderíamos ter avançado mais, mas estamos no caminho da consolidação da democracia, onde as pessoas não mais precisarão de ajuda oficial para se alimentar, mas estarão livres de todas as amarras do assistencialismo e da dependência, pois as políticas públicas estarão efetivadas.

ICC - Além de escritor e ativista social, você é jornalista? Qual seu olhar sobre a imprensa em nosso País, em nosso dia a dia? A imprensa cumpre seu papel?

Pedro - Há dois lados da imprensa. A grande imprensa e a alternativa. A grande sustenta-se na mídia eletrônica e cumpre um desserviço ao povo brasileiro e aos interesses nacionais. Desinforma a população usado-se de contra-gotas para manter o controle ideológico sustentado no consumo desenfreado. Recentemente a Folha de S. Paulo chegou a tentar mudar a história, chamando a época da ditadura de ditabranda. Esses senhores acreditam que podem mudar tudo, desde que sirva aos seus interesses. A mesma concentração da terra existe nos meios de comunicação. É preciso fazer a reforma agrária das comunicações. Por que não se discutiu com a sociedade se devia ou não se renovar as concessões das emissoras de TV? Não há nenhum país no mundo onde uma emissora de TV tem quase 100% de audiência em todo o território nacional. Apenas aqui e não se debate isso. Felizmente por outro lado há a imprensa alternativa, que circula nas entidades e apresenta as verdadeiras opiniões e interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. São milhões de tablóides e informativos que circulam por todo o País. Há ainda outras publicações que não se enquadram na mídia dominante, as quais cumprem importante papel formador de opinião e informativo para a sociedade. Temos a internet que nos oportuniza muitas informações, são muitos sites, blogs e jornais que não se enquadram no sistema de mercado, propagando outros conceitos e valores, diferentes dos impostos pela mídia do capital.

ICC - Quando você coordenou o Orçamento Participativo em Peruíbe, houve uma grande mobilização da sociedade, em especial das associações de moradores e demais movimentos sociais. Acredita que o OP é um instrumento que fortalece a democracia direta?

Pedro - Sem dúvida essa experiência nascida na primeira gestão do PT, em Diadema, depois consolidada na gestão de Porto Alegre, comprova que é possível utilizar os recursos públicos de forma transparente e crível com os interesses reais da cidadania. Para isso é preciso que os governantes estejam dispostos a oportunizar a sociedade parte do poder. A cidadania, com o OP, passa a ter poder real, decidindo onde, como e em que aplicar os recursos públicos. Infelizmente o processo iniciado em Peruíbe não foi dado sequência, assim como ocorre um processo de desmobilização desse revolucionário projeto em todo o Brasil. Os parlamentares precisariam compreender que o OP pode lhes fortalecer, desde que eles deixem de ser os despachantes de obras e serviços da administração passando a exercer seu verdadeiro papel de fiscalizador e legislador. Se a sociedade, os governantes e os parlamentares se disporem a criar novos mecanismos sem dúvida o OP poderá fomentar instrumentos que consolidem a democracia direta. Esse modelo deve ser incentivado e aprofundado, com ele todos ganham, menos os corruptos e demagogos.

ICC - A América Latina vive um novo momento, em particular com a ascensão de governo progressistas, como Lula, Chávez, Morales, Corrêa, Vasquez, Ortega e agora Maurício Funes em El Salvador. Como avalia este cenário e o futuro da América Latina?

Pedro - A crise do capitalismo comprova o que Marx escreveu há mais de 150 anos no Manifesto Comunista que o capitalismo é seu próprio coveiro. E é isso que estamos vivendo. Mais uma crise, com os negócios indo à bancarrota e o Estado os salvando, retirando recursos da saúde e educação pública, da moradia, da seguridade social para preservar seus patrimônios bilionários. A América Latina significa que há esperança. A resistência desses governantes de esquerda que enfrentam de forma criativa e ousada os poderosos do Norte mostra que a Humanidade não se curvará à opressão do capital. Chaves e Evo zeraram o analfabetismo. Evo enfrentou os latifundiários na Bolívia e aprovou uma nova constituição, impondo um novo limite a propriedade rural naquele País. Correa realizou a auditoria da dívida. E muitas lutas ainda serão travadas. É preciso fortalecer a unidade latina, resgatar o sonho de Bolívar e de Che Guevara, construir um continente onde todos sejamos capazes de viver com dignidade e semear a esperança no planeta.

ICC - Suas considerações finais.



Pedro - Acredito que somente com a mobilização, organização e consciência política das camadas populares seremos capazes de construir efetivamente uma pátria livre e soberana. A luta pela terra, a conquista da reforma agrária, o resgate da memória dos combatentes que ficaram no caminho, entre eles a de João Carlos Batista, somente animará a luta. É preciso resgatar referenciais; a política não pode continuar como balcão de negócios, precisamos trazê-la de volta aos interesses comunitários, populares e coletivos, deve estar a serviço da vida e da justiça social, não do mercado.

quarta-feira, março 04, 2009

Mulheres em luta



















Flores acreditam em seus sonhos
Flores semeiam rebeldia
Flores resistem à opressão
Flores de luta
Mulheres semeando estrelas
Plantando a confiança no amanhã
Flores desabrocham
mesmo em terras áridas
Semeiam árvores
formam florestas
conquistam a liberdade
Flores semeiam sonhos
Propagam a rebeldia
Derrotam a opressão
Mulheres e flores
encantam e cantam
um novo tempo.


8 de março - dia de luta por um novo tempo de justiça, paz e fraternidade entre mulheres e homens.

Quaresmeira
















Quaresmeira lilás
copa fechada florida
inspira o céu
ilumina o sol
encanta o universo
Quaresmeira florida
copa fechada lilás
brilha o olhar
alimenta a alma
Quaresmeira encantada
florida e lilás
inspira um novo tempo...

terça-feira, março 03, 2009

Cyber Amor

Beatriz Ribeiro e Pedro Cesar Batista




















Instigadores do bem e da vida
Inspiradores do amor e do prazer,
Inspiradores do encontro e dos sonhos

Almas que se logam e se amam
Vivendo maravilhosos momentos

Instigadores do bem e da vida
Uma deliciosa loucura que dá muito prazer

Almas que se logam para amar
Almas que se juntam para reverenciar o amor
Descobrem que o tempo sempre oferta um novo começo
Tempo de recomeçar um novo começo
Tempo de respeitar o tempo
Aprendendo com o suspirar
Respirar o desconhecido e a grandiosidade da vida.

Que tempo é esse?

Tempo de agradecer a importância da vida
Inexplicável com tantos desejos nesse novo tempo
Nesse novo recomeçar
Onde sementes cibernéticas éticas reais brotam
Corações nessa viagem frenética,
Cheia de esperança desejam encontrar alguém
Real como pedra ou nuvens adubando o sol
Molhando as flores, Belíssimas, pelo jardim
Onde a humanidade será rosas, jasmins, amores-perfeitos, lírios...
Flores na imensidão do Cosmo.

E perdidos na multidão estão aqueles que não encontram
Um porto seguro para suas mágoas e dores.
Navegando acreditam em seus sonhos
Então navegam, navegam, navegam
Com a certeza que chegarão ao horizonte
Refeitos depois da longa caminhada

Almas que se logam e se amam...

domingo, março 01, 2009

Manhãs ensolaradas















Nada canta em meus ouvidos,
ouço apenas os pedidos dos pássaros presos por liberdade.
Nada encanta meu olhar,
vejo apenas a dor da fome nos faróis.
Nada brilha meu coração,
sangrando pela tristeza do desamor.
Nada ilumina meus passos,
apenas seguem firmes sua caminhada.

Meus pulsos mantem-se levantados,
acreditam no amanhã,
apesar das noites mal dormidas.

As luzes dos pássaros,
o voo das borboletas,
o sorriso das crianças,
as sementes brotando,
a água do riacho correndo,
o povo que sonha,
sempre animarão meu canto,
meu olhar,
meus passos,
meus pulsos
na semeadura de manhãs ensolaradas.

Nada desanima o sol,
nada desencanta os pássaros,
nada apaga o brilho das fontes,
nada desacredita as flores,
transformando-se em frutos
para todos os seres se alimentarem.

Nada desacredita a terra
que brota fé nas florestas.

Meus ouvidos escutam esse tempo,
meus passos o mira e o persegue.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Declaração de Fidelidade





















Declaro para os devidos fins que meu amor é único e exclusivamente meu. É intenso, verdadeiro e comprometido. É integral, dedicado, cuidadoso e forte. Não esconde a sua essência, transmite de todas as formas o que sente, acredita, pensa e faz. Sua transparência pode ser vista a olhos nus. Não há como escondê-lo. Esse meu amor assume compromissos. Acredita que é capaz de mudar o mundo. Esse meu amor pode conquistar a vida, a luz e o brilho por sua entrega e confiança. Pode ser solitário, sofrer, sonhar demasiado ou mesmo se transformar, adquirindo outras formas e níveis. Esse meu amor é dialético. A escolha a quem destiná-lo e a que sonhos dedicar-se é exclusividade minha. Dedico-lhe assim às minhas filhas, que o receberão eternamente. É um amor integral, que busca uma parceira para elaborar e construir sonhos comuns. Somente a mulher que conquistar minha alma o receberá, podendo, então, adentrar em meu ser integralmente. Ela será a receptora desse oceano de meu sentimento. O respeito e fidelidade são fundamentos de sua forma de ser. Esse meu amor não é mesquinho ou individualista, tem ligação intima com a construção de uma sociedade mais justa. Para isto vai às últimas conseqüências, se necessário, para combater as inverdades históricas e a exploração do homem pelo homem. É um amor altruísta, sem apego aos bens contemporâneos, sustenta-se na solidariedade, na entrega e no respeito à vida. Esse meu amor é pedagógico, fundamenta-se no exemplo, tendo o discurso apenas como resultado. A individualidade é fundamental, mas não será fruto da liberdade burguesa, egoísta, mesquinha, que tem como base o hedonismo. Esse meu amor baseia-se no carinho, na atenção, no cuidado, no companheirismo e na cumplicidade com os sonhos, as lutas e do mais profundo da alma. Não se sustenta na insegurança, no ciúme ou no sentimento de posse. É um amor inteiro, onde duas partes inteiras serão capazes de alcançar, de mãos dadas, a lua ao anoitecer ou atravessar as galáxias quando desejarem voar. Seremos capazes de contribuir na construção da paz, da solidariedade e da verdadeira humanidade nas relações humanas. Meu amor deseja outro amor assim. Crente na raça humana e na capacidade de compreensão, de ser justo e da pureza da existência. Meu amor fez sua escolha, tem a sensibilidade do tempo e a esperança como direção a seguir.

Firmo e assino a presente Declaração de Fidelidade.

Peruíbe, 24 de fevereiro de 2009

Pedro César Batista

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Os colibris me acordarão



















Um tempo sem começo nem fim
um dia sem noite
um luar sem céu
as folhas descolam das árvores
são levadas pelo vento
olho o tempo que nao vivi
sinto saudade dos olhares que não me miraram
sinto o gosto do beijo que não tive
sinto o abraço que não me aqueceu
um tempo deconhecido
flores que não brotaram
sementes que buscam terra
raízes sedentas
luz que quer céu
as manhãs sempre nascem
certamente os colibris cantarão em minha janela

tristeza














o sol nasceu maravilhoso
e não me viu
os pássaros estão cantando
é nem me olham
o brilho das árvores ao lado de minha janela
parece fugir de meu olhar
o canto de minha alma
está emudecido
a circulação sanguínea
que parar
o coração é forte
sente a solidão
que tempo de medo é esse?
resta-me a dor.

domingo, fevereiro 15, 2009

A humanidade vencerá.

Ontem ouvi uma música, a letra falava que a fraternidade e solidariedade são apenas cartões postais de políticos em homenagem às festas de fim de ano. Não me lembro o nome do autor. Era a Rádio Cultura de Brasília, uma das minhas preferidas, por tocar cantores desconhecidos e, sempre, boas músicas. Não concordo com o autor da canção.

Ao longo de minha vida o que mais tenho conhecido são pessoas solidárias e fraternas. Quantas vezes pessoas desconhecidas agiram solidariamente comigo. Quantas vezes recém conhecidos também demonstraram esse comportamento. Claro, os amigos antigos são os que mais provam a existência dessa qualidade nas pessoas. Sem dúvida vivi muitos momentos o oposto disso. Há os utilitaristas, os quais aproximam-se apenas enquanto tentam preservar seus objetivos. Conservam apenas relações oportunistas e úteis aos seus interesses. Quantos não agem assim? No entanto, entre o conjunto de meus conhecidos,incluindo parentes, aderentes e parceiros de lutas, sonhos, noites, choros e alegrias, amigos e companheiros, a grande maioria sempre foi solidária. Há aqueles conhecidos de longa data que sustentam-se na inveja e na traição. Felizmente é minoria.

A humanidade, como disse Milton Santos, precisa ser construída. Sem dúvida. Nunca vivemos um período em que a fraternidade e a solidariedade fossem a ação determinante das pessoas. Seja no mundo primitivo, feudal ou capitalista antigo, moderno ou atual. A exceção ao longo da nhistória foi o período das comunidades primitivas em seus clãs e aldeias. Certamente chegamos em uma encruzilhada. Ou construimos relações efetivamente humanas ou retornaremos ao tempo em que o homem também era caça e caçador. O capital, seus agentes e asseclas, atuam, infelizmewnte, ainda assim. Sobrevivência. Mas isso passará. Acredito.

Recentemente devido meu trabalho literario em resgatar a memória de um combatente da luta do povo, o qual era meu irmão, soube que sua viuva acusa-me de aproveitador. Dizia ela que quero vender livros, nada mais. Ao mesmo tempo ela está aliada a um dos suspeitos de ser o mandante do assassino de seu ex-marido. Imagino como seu ex-marido deve estar se sentindo no túmulo. Oxalá possa ao menos se mexer. Mas pessoas assim, como essa viúva, são minoria. Felizmente. Tenho comprovado o alto nível de solidariedade e fraternidade da espécie humana, mesmo com a busca desesperada por status, poder, prebendas do Estado e mordomias. A maioria ainda é solidária e fraterna.

O autor da canção que escutei, a qual tem uma bela melodia, é de Brasília, cidade bela, livre e encantada a quem tem bom emprego, bons salários ou boas redes. A maioria do povo da cidade certamente não caminha no eixão aos domingos, nem vai aos clubes, nem tem acesso aos bosn cinemas, continua explorada e servindo à aqueles que deveriam servir ao público, no entanto sustentam-se na exploração do homem pelo homem. Ultilizam para isso o estado, instrumento de dominação das classe dominantes, a quem servem. Assim mesmo ainda acredito que viveremor um novo tempo, onde todos serão felizes, poderão sorrir ao caminhar com seus filhos ou sonharem em estar ao lado de suas amadas, mesmo distantes. Esse tempo virá.

sábado, janeiro 10, 2009

Auschwitz será Gaza?















Acabei de almoçar soja e um risoto.
Tomo cerveja e escuto Bob Dylan.
Nem sei quem sou enquanto aqui estou,
diante de tantas crianças que sangram?
Quantas bombas financiadas pelos yanques matam crianças,
mães e pais em Gaza?
Chorar de nada adiante.
Pixar muros e denunciar essa matança é muito pouco.
Onde pensam que chegarão os sionistas israelenses?
Auschwitz será Gaza?
Quem sou que nada faço?
Meu almoço tem gosto de omissão,
tem a dor da solidão que sonho findar.
Quem sou que apenas ouço Bob Dylar?
A música invade meus ouvidos
ao mesmo tempo que o estrondo das bombas nazistas
matam os palestinos em Gaza.
Os imperialistas fazem discursos mentirosos
na sede das Nações Unidas,
aceitando esse massacre,
massacre e mais massacre,
mais um,
sem garantir a vida?
Sustentam-se na morte.
Auschwitz será Gaza?
Nuremberg deve ser um novo palco,
os sionistas devem ser julgados.
E essa música triste e apaixonada pela vida
que despeja Dylan em meus ouvidos,
enquanto a morte e o sangue jorra sob as oliveiras.
Quem sou que nada faço?
Viver comendo risoto e tomando cerveja
de que adianta?
Se fosse uma bomba certamente teria alvo para cair.
Pediria carona a pomba de Picasso,
ela deve estar chorando com tudo isso,
então me entenderia.
Os estrondos das bombas assassinas
devem ser parados,
caem em lugar errado.
Poderiam ser bumerangues,
levando em seu retorno a vida.
Auschwitz será Gaza?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Entrevista a Bruno Pinheiro - REJUMA

Entrevista a Bruno Pinheiro - Blog Militante do Campo.

1. Qual foi a sua idéia ao resolver escrever o livro que recebeu o nome de "João Batista: mártir da luta pela reforma agrária?"

Atuo na luta do povo há quase 30 anos. A cada dia mais vejo como são deixado de lado importantes referenciais para se transformar a sociedade. A luta política, especialmente a travada por partidos, transformou-se num verdadeiro balcão de negócios. Os interesses comunitários, populares, ambientais e em defesa da vida foram colocados em terceiro, quarto plano. O que importa é ter fatias de poder e consumir. Para atingir isto pratica-se um vale tudo nas relações humanas. Então, a partir desta realidade, como conhecedor da história de João Carlos Batista, um combatente do povo que foi até às últimas consequências na defesa de uma sociedade mais justa, senti-me na obrigação de resgatar a sua história. As contribuições de João Batista na luta por justiça social, não apenas a luta pela reforma agrária, onde se dava sua atuação mais destacada, foi de grande importância. Resgatar a sua história é apontar práticas e comportamentos que combatam as injustiças sociais, o oportunismo, a degradação ambiental, a desvalorização da vida e a mentira, significa propagar a esperança, a luta e o respeito ao trabalho e aos trabalhadores. Ele não usou em vão o nome dos trabalhadores. Batista é um exemplo a ser seguido, mas para isso sua história precisa ser conhecida, especialmente pela juventude. Por isso escrevi o livro.


2. No decorrer do livro são apresentadas, só do Pará, diversas pessoas que pagaram com a própria vida por não desistirem de lutar pelo que acreditavam, entre elas João Batista, seu irmão. Ainda hoje há pessoas perdendo a vida por se manifestar e resistir às dominações impostas pelos detentores do poder econômico e político. Por quê, na sua opinião, tantas pessoas morrem em nome de causas sociais e tão poucas são lembradas pela sociedade?

A classe dominante massacra o povo de todas as formas. Primeiramente controla a economia, mantendo a maioria em consições de pobreza e miséria. Em seguida impõe valores culturais e ideológicos, massificando a população através dos meios de comunicação. A Tv cumpre um importante papel dominador a serviço dos poderosos. Eles usam ainda a violência física contra os mais pobres. No Rio de Janeiro a polícia mata diariamente gente humilde, sempre "em confronto". Em São paulo não é diferente. É uma guerra dos pdoerosos contra os mais pobres. Então quando aparecem pessoas que passam a organizar o povo para enfrentar essa guerra econômica, ideológica e militar os represetantes do status quo não vacilam: matam. E na lauta pela terra aqueles que defendem a reforma agrária tem sido assassinado em grande quantidades. Os assassinos, pistoleiros ou policiais, e os mandantes em quase a totaldiade dos casos estão impunes. Muitos mandantes, inclusive, são detentores de mandatos políticos. Quando o morto tem alguma ligação com organizações mais forte, estas resgatam a memória desses combatentes. Assim é o caso de Chico mendes, Irmã Doroty e poucos outros. A grande maioria dos mortos na luta do campo é como João batista. São colcoados no esquecimento. São mortos e depois a história desses mártires é esquecida. Toranr conhecida a vida desses mártires não interesse à Classe Dominante. Se o povo tomar conehcimento de sua verdadeira história de lutas, certamente aprenderá que a luta é o único caminho a seguir. REsgatar a memória de Batista e de outros companheriso assassinados é animar a luta, assoprar a chma da rebeldia, da indignação e da esperança.


3. Pra você, qual o lugar da reforma agrária nos processos de transformação social no Brasil?

Apesar do Brasil possuir uma área agricultável maior que a área semelhante da China nossa produçãod e alimentos é menor. As boas terras sãod estinadas ao agroneg´cio, que devasta enormes áreas, usa agrotóxico e ainda trata seus empregados como escravos. Essa produção e monocultura somente serve a acumulação de riqueza, crescimento da miséria e a destruição ambiental. Se não fosse a luta dos trabalhadores rurais, que se organizam e ocupam as terras, nunca teria sido feito reforma agrária em nosso país. A violência urbana tb é consequencia disso, pois ao ongo de décadas os camponeses foram expulsos para os grandes centros e obrigados a viverem em consições subhumanas em favelas. Considero que a realização da reforma agrária está em primeiro lugar: possibilitarai aumentar a produção de alimentos de primeira necessidade, presrvaria o meio ambiente, pois a agricultura familair é sustentável, reduziria a violência com a geração de emrpego e renda, diminuindo a pressão existente nos centros urbanos. A luta pela reforma agrária, a luta em defesa da vida e da sustentabildiade andam juntas.


4. Nas palavras do João Pedro Stédile, o livro "é um registro fiel da luta de classes na Amazônia" na década de 80. Qual a sua análise do atual contexto da luta pela reforma agrária?

Na atualidade o grande inimigo é o agronegócio. Como disse na resposta anterio ele usa trabalho escravo, devasta a natureza, desenvolve a monocultura e aprofunda a miséria em nosso país. E na região amazônica o agronegócio é muito forte. O governador do Mato Grosso, Blairo Magio é um dos mais fortes produtores de soja do mundo, causando com sua produção danos irreparáveis ao ecossistema. Em Roraima os arrozeiros causaram grandes danos aos povos indígenas e a natureza. O governador deste estado em nenhum moemnto defendeu a Constituição Federal (que assegura as reservas indígenas em terras continuas), mas foi veemente na defesa dos interesses desses fazendeiros. No Pará e Maranhã tem sido comum fiscais do Mistério do Trabalho libertaarem trabalhadores em consições de escravidão. Então lutar pela reforma agrária continua sendo uma das mais importantes bandeiras de todos os movimentos sociais brasileiros.


5. Se aproximando do aniversário de 25 anos, o MST fala em recolocar a importância da reforma agrária na pauta da sociedade. Relembrar os mártires desta luta não pode ser uma forma de fortalecer este assunto?

Quero isso com a resgate da história de João batista. Segundo o professor José Carlos Saboia, da UFMA, Batista foi a maiori liderança camponesa dos anos 80 no Brasil. Faz 20 anos do assassianto desse mártir e agora que sua história está sendo resgatada. E por quem? Por irmão. Isso mostra que a luta pela reforma agrária precisa estar na ordem do dia de toda a sociedade. Assim como resgatar a memória dos mártires da luta pela terra deve ser uma tarefa de todos, não apenas de organizações que perdem seus membros. Os mártires da luta pela terra simbolizam o interesse de todo o povo, por isso devemos trazer para a rua a luta pela reforma agrária, aliada a luta pela sustentabildiade.



6. Uma das maiores necessidades dos movimentos do campo é articular suas bandeiras com as lutas urbanas. Na sua visão, que papel a juventude pode exercer neste processo?

Isso será determinante. Sem a unidade campo ciade não conseguiremos romper as amarras do atraso imposto pelo capitalismo. É preciso que as populações urbanas compreendam que as lutas dos trabalhadores rurais estão intimamente ligas aos interesses urbanos. Significa reduzir a pressão das grandes cidades, reduzir a destruição ambietam, aumentar a produçãod e alimentos, criar alternativas de abastecimento alimetar que não dependam do latifúndio monocultor e danoso a vida em todas as suas formas. Somente a juventude, das cidades e do campo, poderá forjar essa unidade, construir um amplo movimento capaz de fazer retoamr as grande smobilizações e arranacar as conquistas que a sociedade brasileria precisa. Somente a juventude poderá acabar com o sectarismos e o dogmatismo que ainda prevalece em certos setores que estão em luta. Essa luta é de todos e os jovens tem papel determinante nessa caminhada. Ler João batista, mártir da luta pela reforma agrária certamente contribuirá na construção dessa compreensão e dessa unidade imprescindível.



7. Pra encerrar, a que você credita, hoje, a morte de seu irmão?

A violência sécular imposta pelo latifúndio e as demais classes dominantes, acostumadas com essa práticva e a impunidade assegurada pelo Estado, que com seus governantes atuam como asseclas desses poderosos, verdadeiros parasitas que se sustentam na miséria e igorância que disseminam. João Batista sabia que corria risco de ser assassinado. Antes dos latifundiários conseguirem seu intento realizaram três atentados. Assim como meu irmão, muitos também tombaram. O mais grave nessa caminahda são aqueles que para terem acesso as migalhas cedidas pelos detentores do poder mudam de lado, traem a sua história, passam a servir ao capital e ao latifúndio. A luta que tantos mártires levaram permanece. Infelizmente muitos de nosso lado ainda poderão tombar, mas certamente chegará o momento em que fazendeiros, políticos e oportunistas de todas as espécies que se aproveitaram do assassinato de Batista pagarão o preço devido. A história está ai para mostrar que sempre haverá quem continua combatendo esses assassinos e exploradores. A luta de João Batistra é a luta de todos aqueles que acreditam na vida.