Uma sereia
e um boto se encontraram
e nada falaram.
O rio se escondia,
entregando-se para a noite
que chegava.
Cada qual seguiu seu rumo.
O tempo,
quente e parado,
como uma noiva,
tudo observava.
Tanto sangue e dores
Lavados naquelas águas
Cheia de vida.
Um encontro do tempo e do vento,
Cantando o riso da floresta,
Ainda virgem,
Cheia de prazer,
Dado e vivido,
em gotas de suor encarnado.
Corpos,
Copos,
Fome,
Saciar.
Saciar um novo tempo,
Mirando o verde do olhar
Ainda procurando a sereia
Na beira d’água.
Buscando o encanto,
Buscando o vento,
Buscando o desconhecido,
Ainda ontem perdido,
Nas curvas do quadrado
Desencontrado.
O vento é folha seca,
Flutuando no espaço
olhando às águas
quentes dos sonhos.
Sereia quem és tu,
Que, como o boto,
Continua boiando ao entardecer
Como se a manhã
Fosse um feitiço
Descoberto em terras desconhecidas?
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