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terça-feira, março 07, 2006

MARCHA INTERROMPIDA

Lançamento em 17 de abril de 2006.


Atravessando longa faixa de floresta, um dirigente do movimento camponês se dirige a uma reunião na Colônia Vida, um povoado de posseiros que há dois anos ocupam parte das terras da Fazenda São José.
No caminho, ouve a conversa de dois pistoleiros, que acabaram de assassinar um colono. Um mês depois, a polícia, cumprindo ordem de reintegração de posse, despeja da fazenda as famílias de lavradores. Enquanto isso, ruralistas e autoridades locais se reúnem para traçarem planos de combate à crescente ocupação de terras. A imprensa nacional noticia a tática que será empregada em defesa dos latifúndios.
Depois do violento despejo, os sem-terras montam acampamentos provisórios e decidem iniciar uma grande marcha. Pretendem chegar à capital do estado e se reunir com o governador, para reivindicarem a desapropriação das terras de onde foram expulsos injustamente. Com uma semana de caminhada, e sentindo sinais de esgotamento, resolvem bloquear a PA150, principal rodovia do município. A polícia militar é enviada para desobstruir a área.
O que se segue daí são cenas de genocídio, de uma barbaridade premeditada, onde vários manifestantes caem assassinados.
Baseada na luta dos trabalhadores rurais sem terra, Marcha Interrompida é uma obra ficcional sobre o massacre de camponeses, ocorrido em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, em 1996.



quinta-feira, março 02, 2006

MAIS AINDA























Ainda hoje senti meu olhar se perder na distância do passado.
Buscava desesperadamente o amanhã onde novas sementes possam desabrochar.

Ainda olhava a imagem do tempo encantado,
onde o perfume da manhã confundia-se com o amor.

Ainda esperava ver o olhar brilhando mais que a lua
irradiando o brilho das flores da sacada.

Que tempo é esse onde as pessoas não perdoam?

Que tempo é esse onde o orgulho vale mais?

Ainda hoje senti o gosto do fel em minha garganta.
Pude ver meus olhos buscarem os teus que não mais me veêm.

Ainda sinto a presença do passado
deixando o amanhã mais distante.
Novo dia que mesmo germinando em meu sangue gelado,
no calor da madrugada enluarada,
como o entardecer preguiçoso,
está lento e cauteloso, saudoso.

A lua encanta e canta minha perda,
o louco e desenfreado ardor de tocar tuas mãos
que nem mais me conhecem nem me desejam.

Ainda hoje senti meus olhos perdidos no amanhã
como uma semente desabrochando em minh'alma.

Sem dúvida essa terra se fertilizará,
ainda com mais e belas sementes
regadas nas manhãs ensolaradas...

Ainda hoje meus olhos brilharão mais ainda....