18/12/05
Donde andam os campos floridos,
A areia alva envolvendo minha alma,
O vento exalando o cheiro de éter?
Esse tempo perfura meus olhos,
Entristece o olhar que se perde
Nas folhagens do bongaville
Vermelho e amarelo envolvido pelo verde das folhagens.
Onde o tempo vai depois dessa dor?
Enquanto milhões esquentam as calçadas frias,
Com suas pequeninas mãos fuçando o lixo
Em busca do alimento para seus corpos,
Suas almas choram a dor da solidão.
Outros miúdos, nem os percebem,
Se os vêem, demonstram nada sentir.
Como não consigo chorar mais,
Nem pelo amor que não mais me quer,
Tampouco com o negrume da tristeza
Invadindo os olhinhos fulminantes
Que olham as luzes do natal
E o orgulho dos compradores,
Meu coração tenta germinar vida.
Onde estão os campos floridos?
Onde andam os ventos do amor?
E a revolta buscando vida, onde posso achar?
As flores vermelhas e amarelas
Não alegram a manhã de domingo
Que antecede o nascimento de Jesus.
Muitas sementes desabrocham,
O que brotará?
Ainda verei olhos solidários de verdade,
Sem pensar nos votos do poder?
O vento ainda traz o silvo dos pássaros,
Madredeus toca me animando a seguir...
Caminho, sempre caminharei,
Murchando meus pulmões,
Sem mais voz para gritar,
Solitário encontrarei uma vereda
No céu escuro sem estrelas.
Seguirei...
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