
Em 25 de outubro de 1917 os operários, soldados e marinheiros russos ousaram romper um tempo de escuridão e sofrimento para aquele povo e a humanidade. Conseguiram iniciar a implantação de um novo modelo de Estado a serviço dos trabalhadores e do povo, o socialismo.
Dirigidos por Lênin, Wladimir Ilich, e organizados pelo Partido Operário Social Democrata da Rússia – POSDR em toda a vastidão do território russo, mobilizados tomaram de assalto o poder do Czar e do governo provisório, implantando um novo governo sustentado na organização dos Sovietes (Conselhos). Enfrentaram o maior dos impérios para conquistar a liberdade do jugo do capital e iniciar a construção de um novo tempo.
Sofreram ataques militares, sabotagens e a feroz propaganda dos vizinhos e inimigos internos por muitos anos. Mesmo assim consolidaram a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Um estado socialista que incomodou e amedrontou os governos do ocidente, assustados com nova forma de governo, democrática e de massas. A política e a economia foram colocadas a serviço da maioria do povo. Os governos capitalistas ficaram preocupados com o fascínio exercido aos trabalhadores de todo o mundo que passaram a ter como palavra de ordem a consigna da Associação Internacional dos Trabalhadores, fundada por Karl Marx, “Trabalhadores de todo mundo, uní-vos”.
“Fustiguemos a carroça da história. À esquerda, à esquerda, à esquerda”, escreveu Maiakovski. “A trombeta dos bravos já soou o alarme. Nossos estandartes aos milhares avermelham o céu. Só a rota dos traidores é que conduz à direita. À esquerda, à esquerda, à esquerda”. O poeta da revolução escreveu isso em 1918, em seu poema Á esquerda. Iniciava-se uma nova fase na história da humanidade. Os burgueses e imperialistas ficaram desesperados e passaram a atacar ferozmente a nova pátria dirigida pelos operários, soldados e marinheiros. Estes resistiram e venceram muitas batalhas. Destruíram a chaga da fome, da ignorância, da miséria e da exploração do trabalho pelo capital.
A revolução Russa foi uma luz na escuridão que a humanidade vivia. Resistiu por muitas décadas. Mais acertou que errou. Isso fortaleceu as lutas dos trabalhadores que passaram a acreditar que seria possível conquistar um novo mundo. Acreditaram que seria possível enfrentar o capital e fortalecer o trabalho, assegurando os direitos que os produtores mereciam. O mundo foi outro depois de 25 de outubro de 1917.
Certamente os erros praticados custaram um preço alto aos trabalhadores. Massacres foram cometidos em nome da revolução. O enfrentamento ao Soviete de Kronstadt, comandando por Leon Trotsky, mostrou o que viria depois. Stalin e sua burocracia, depois da morte de Lênin, mesmo tendo derrotado o nazismo durante a segunda guerra mundial, passou a sufocar a criatividade e a força das massas. A burocracia estatal tomou conta de um estado que deveria ser dos trabalhadores.
Muitas conquistas foram obtidas pelos trabalhadores, não somente os soviéticos, mas de todos os países. A experiência de implantação do socialismo foi cortada muito tenra. Agentes a serviço do capital e contrários à implantação do socialismo boicotaram esse novo tempo que nascia. O trabalho de solapamento e desarticulação executado pelos contra-revolucionários conseguiu esse passo atrás. Para a história da humanidade, que é composta por avanços e retrocessos, isso é normal.
O que não pode ocorrer é colocar na lata do lixo das sociedades essa grandiosa experiência de construção de um Estado a serviço dos trabalhadores e da maioria do povo. O Estado Soviético foi uma semente que não morreu, apesar de tudo ainda germina em mentes e corações por todo planeta. Não se pode repetir um discurso falso e reacionário que o socialismo morreu, muito ao contrário. Um século significa um piscar de olhos para a humanidade, a aspiração por uma sociedade mais justa, sem explorados, nem exploradores, não morreu.
Decorridos 91 anos depois da implantação da primeira experiência esses ideais continuam vivos. A memória dos revolucionários de 1917 não será esquecida, muito menos as bandeiras por eles defendidas, ainda no início do século passado. Esse sonho não será apagado com as propagandas de consumo e do individualismo, aliado ao distanciamento de pretensas lideranças de esquerda do povo, especialmente no momento atual com a crise de Wall Street, que comprovando as afirmações feitas por Karl Marx de que o próprio capitalismo é seu coveiro. Um novo tempo há de brotar.