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sábado, novembro 01, 2008

Desafinado.








Não quero guerra.
Preciso de terra boa
onde possa me enraizar
e respirar o vento de novos tempos.

Não quero o último modelo de celular,
nem passar em concurso,
com altos salários.
Sonho com o fim da fome e da exploração,
um novo tempo de braços dados
alinhados com um novo canto.

Quero a paz real.

Quero flores nos cabelos
brilho nos olhares,
crianças correndo
atrás de borboletas.

Não quero bebés em colos nos faróis da rodoviária,
nem quero a mediocridade desse consumo criminoso.

É preciso novas sementes
que germinem
abraços apertados
verdadeiros
perfumados
apaixonados
pelas pessoas
flores
bichos
e crianças.

Quero esse sonho
brotando em almas
iluminando mentes
apertando corações
no planalto
no sertão
no campo
no Planeta.

Nada de acumular capital
desvairado faminto assassino.

A voz quer sair,
mesmo sufocada
pela solidão dos gritos desafinados
que ecoam na escuridão.

Quero combater a desesperança,
semear tempestades.

Um comentário:

Samir Raoni disse...

Batista,
Semear tempestades é um ato em instição, admiro os cultivadores de tal sementes.

Nas noites acordamos com insonia sentido que o mundo grita de frio, fome, medo...
Nós ouvimos porque não estamos dopados. Estamos a décadas tentando dormir em paz, mas, ela é um ser, um estado a se alcançar.
Acordamos na noite e vamos para a sala e sentamos no sofá, cosamos a cabeça, vamos ao banheiro lavamos o rosto, olhamos no espelho e percebemos que o tempo passa como cavalos interruptos, fechamos a torneira, enxugamos o rosto, sentamos na cama, ligamos o abaju, pegamos um livro e dedicamos nossa insônia a tentativa da compreensão de todo esse cenário.
O sol surge com seu feixe de luz no horizonte neblinoso.
Mais um dia acordando para um ser que não dormiu...
Estamos na marcha de um mundo melhor.
Passo a passo, palavra a palavra, registro a registro.

Abraço Pedro,

Samir Raoni