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segunda-feira, outubro 27, 2008

25 de outubro, 91 anos depois o sonho está presente













Em 25 de outubro de 1917 os operários, soldados e marinheiros russos ousaram romper um tempo de escuridão e sofrimento para aquele povo e a humanidade. Conseguiram iniciar a implantação de um novo modelo de Estado a serviço dos trabalhadores e do povo, o socialismo.

Dirigidos por Lênin, Wladimir Ilich, e organizados pelo Partido Operário Social Democrata da Rússia – POSDR em toda a vastidão do território russo, mobilizados tomaram de assalto o poder do Czar e do governo provisório, implantando um novo governo sustentado na organização dos Sovietes (Conselhos). Enfrentaram o maior dos impérios para conquistar a liberdade do jugo do capital e iniciar a construção de um novo tempo.

Sofreram ataques militares, sabotagens e a feroz propaganda dos vizinhos e inimigos internos por muitos anos. Mesmo assim consolidaram a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Um estado socialista que incomodou e amedrontou os governos do ocidente, assustados com nova forma de governo, democrática e de massas. A política e a economia foram colocadas a serviço da maioria do povo. Os governos capitalistas ficaram preocupados com o fascínio exercido aos trabalhadores de todo o mundo que passaram a ter como palavra de ordem a consigna da Associação Internacional dos Trabalhadores, fundada por Karl Marx, “Trabalhadores de todo mundo, uní-vos”.

“Fustiguemos a carroça da história. À esquerda, à esquerda, à esquerda”, escreveu Maiakovski. “A trombeta dos bravos já soou o alarme. Nossos estandartes aos milhares avermelham o céu. Só a rota dos traidores é que conduz à direita. À esquerda, à esquerda, à esquerda”. O poeta da revolução escreveu isso em 1918, em seu poema Á esquerda. Iniciava-se uma nova fase na história da humanidade. Os burgueses e imperialistas ficaram desesperados e passaram a atacar ferozmente a nova pátria dirigida pelos operários, soldados e marinheiros. Estes resistiram e venceram muitas batalhas. Destruíram a chaga da fome, da ignorância, da miséria e da exploração do trabalho pelo capital.

A revolução Russa foi uma luz na escuridão que a humanidade vivia. Resistiu por muitas décadas. Mais acertou que errou. Isso fortaleceu as lutas dos trabalhadores que passaram a acreditar que seria possível conquistar um novo mundo. Acreditaram que seria possível enfrentar o capital e fortalecer o trabalho, assegurando os direitos que os produtores mereciam. O mundo foi outro depois de 25 de outubro de 1917.

Certamente os erros praticados custaram um preço alto aos trabalhadores. Massacres foram cometidos em nome da revolução. O enfrentamento ao Soviete de Kronstadt, comandando por Leon Trotsky, mostrou o que viria depois. Stalin e sua burocracia, depois da morte de Lênin, mesmo tendo derrotado o nazismo durante a segunda guerra mundial, passou a sufocar a criatividade e a força das massas. A burocracia estatal tomou conta de um estado que deveria ser dos trabalhadores.

Muitas conquistas foram obtidas pelos trabalhadores, não somente os soviéticos, mas de todos os países. A experiência de implantação do socialismo foi cortada muito tenra. Agentes a serviço do capital e contrários à implantação do socialismo boicotaram esse novo tempo que nascia. O trabalho de solapamento e desarticulação executado pelos contra-revolucionários conseguiu esse passo atrás. Para a história da humanidade, que é composta por avanços e retrocessos, isso é normal.

O que não pode ocorrer é colocar na lata do lixo das sociedades essa grandiosa experiência de construção de um Estado a serviço dos trabalhadores e da maioria do povo. O Estado Soviético foi uma semente que não morreu, apesar de tudo ainda germina em mentes e corações por todo planeta. Não se pode repetir um discurso falso e reacionário que o socialismo morreu, muito ao contrário. Um século significa um piscar de olhos para a humanidade, a aspiração por uma sociedade mais justa, sem explorados, nem exploradores, não morreu.

Decorridos 91 anos depois da implantação da primeira experiência esses ideais continuam vivos. A memória dos revolucionários de 1917 não será esquecida, muito menos as bandeiras por eles defendidas, ainda no início do século passado. Esse sonho não será apagado com as propagandas de consumo e do individualismo, aliado ao distanciamento de pretensas lideranças de esquerda do povo, especialmente no momento atual com a crise de Wall Street, que comprovando as afirmações feitas por Karl Marx de que o próprio capitalismo é seu coveiro. Um novo tempo há de brotar.

25 de outubro



















Lenin e o povo conquistaram o poder.
Todo poder aos soviets.
Quase um século, 91 anos.

Um raio de luz na escuridão da humanidade
começa uma nova fase na história.
Trabalhadores do mundo inteiro
corporificaram esse novo tempo.
Um sonho começa a ser realizado.
Multidões ousam acreditar que outro mundo era possível,
acreditam que poderão chegar a lua
transformam a dor em esperança
o gelo em fogo
as flores em sementes de um novo tempo
que se espalham por todos os continentes.

A reação se desespera
não mede esforços para barrar o novo,
o medo do povo é enorme.
Uma vez mais a violência se torna a arma principal
para impedir outro sistema:
o socialismo e o governo dos trabalhadores.

Usam todas as armas e mentiras
- ainda mantidas nos tempos atuais -
espalhando dor, medo e morte.

Lenin e o povo conquistaram o poder.
Operários, soldados e marinheiros
iniciaram a construção de um novo tempo.

A escravidão do capital foi sepultada.
As chagas da exploração feudal
foram esmagadas pelo novo sistema.
Os Palácios foram ocupados pelo povo
que fazem fogueiras em avenidas, praças e campos
destruindo tudo que simbolizava o império.

Um velho que insistia em querer sobreviver,
um cadáver que resistia desesperadamente ao funeral,
- invertendo a história e se dizendo novo -
quando estava fétido depois de tantos séculos
sustentando-se pela opressão, ignorância e miséria.

O mar do trabalho e das massas populares
incendiaram o poder do Czar
transformando-o em cinzas da história
a exploração e a miséria imposta.

Iniciou-se a implantação do Estado Soviético.
Consolida-se a revolução russa.

Lenin e o povo tomam o poder.
Um novo tempo foi instaurado no planeta.
Todo poder aos operários, soldados e marinheiros.
Uma luz formada pelo povo
apontou novos rumos
na escuridaão da humanidade.

Todo poder ao povo.

Em menos de um século ainda é nova,
seus erros causaram uma interrupção,
um trepidar momentâneo na história,
atrasando o plantio de novas ventanias,
onde a fartura, a justiça e a liberdade
haverão de crescer em cada coração.

Vida eterna aos ideais dos revolucionários de outubro.
O tempo que nasceu com a União Soviética não morreu.
Experiências desse novo tempo
não deixarão de propagar os acertos praticados.

Vida longa ao 25 de outubro.

terça-feira, outubro 14, 2008

O Outono e o Ipê

Adriana Elias


No banco da praça ...Do Ipê , pé amarelo
Pueril figura...Da vida saudaz
Relembra lembrança
As folhas, o tronco ...Do rijo Ipê
As pipas, os pulos...O vento apraz
Deslizam as lágrimas...Da inerte figura
Que ora postula...
O vento impiedoso...A pipa desfaz
Qual vida senil...Da inerte figura
A lágrima, a pipa
As folhas do Ipê...Agora amarelam
A vida se vai.

Beleza impura















Uma bela cidade, arborizada, florida e com muita gente bonita. Centro do poder político e localizada no planalto central. Brasília completará meio século em dois anos. Apesar do pouco tempo desde sua fundação traz comportamentos medievais detestáveis.

Para ser construída milhares de trabalhadores para cá vieram. Enfrentaram todas as dificuldades. Muitos morreram por não aceitarem a violência e opressão dos governantes. Estes foram completamente esquecidos. JK conseguiu o que queria. A nova capital nasceu cheia de vigor e esperança.

Planejada por Niemayer e Lúcio Costa para ser uma cidade humanizada, tornou-se mais fria do que uma noite no deserto. Muitos de seus filhos, apesar de um discurso moderno e pretensamente humanista, apenas vêem seus umbigos.

Os operários que construíram a cidade são os candangos. Os funcionários públicos, comerciantes e militares os pioneiros. Para os primeiros nada foi reservado. Nem mesmo o devido lugar na história. Vivem com salários bem inferiores que os segundos. Estes usufruem todas as benesses disponíveis pelo mundo moderno.

A cidade tem a mais alta renda per capta, a segunda maior concentração de renda – perde apenas para o Piauí -, possui a maior diferença entre o menor e o maior salário recebido e o maior índice de desemprego do Brasil. A cada dia novas áreas de seu território são ocupadas. Os trabalhadores de baixa renda são deslocados para a periferia da periferia. Os novos ricos da cidade, servidores públicos, com altos salários e funções estratégicas nos governos distrital e federal, formam seus condomínios de luxo. São mundos completamente antagônicos.

Brasília, cercada de cachoeiras, com água pura, permite que dentro de seu seio, gente com comportamento impuro, voltado apenas para alcançar o poder, status e riquezas, brote aos borbotões. O belo pôr-do-sol da cidade é para todos, assim como a lua que debruça sempre mais encantadora. A Terra não existe apenas para os que se sentem melhores que os outros usufruirem as riquezas produzidas pelo trabalho. Se assim fosse, os que trabalham deveriam ser os privilegiados, não os filhos da elite cega e bruta, que pensa ser culta, mas é lixo puro.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Quem ganhou com o resultado eleitoral?

Findo o primeiro turno e assentada a poeira eleitoral, restando apenas à realização do segundo turno em 29 cidades brasileiras é possível olhar e arriscar quem foi o principal vencedor com o resultado. Verificou-se um alto índice de abstenção, somado aos votos nulos e brancos, totalizaram mais de 20% do eleitorado. Isto mostra a descrença e o cansaço da população com os partidos, os políticos e o sistema eleitoral.
No dia 10 de outubro a Constituição Federal completará 20 anos. Ela trouxe pela primeira vez a efetivação do voto universal, incluindo, inclusive, o voto dos jovens com mais de 16 anos. Assim assegurou a consolidação do Estado Democrático de Direito. Decorridas duas décadas, desde 1988, muita água passou sob a ponte da história.
Para se contrapor aos militares que ficaram no poder por mais de 1964 até 1985 foi construída uma unidade dos opositores, juntando no mesmo saco gatos e ratos. Passado esse tempo agora sabemos quem é quem nessa história. Quantos que se colocavam ao lado dos interesses públicos e diziam defender a democracia, mostraram seus verdadeiros objetivos: amealhar riquezas e poder. Não economizaram óleo de peroba, discursos e mentiras para conseguirem seu intento.
Nas eleições de 5 de outubro verificou-se que em alguns estados certas figuras conhecidas por suas práticas anti-republicanas estão sendo varridas do mapa político. Enquanto que em outras unidades da federação personagens colecionadores de processos criminais e de algemas conseguiram estrondosas vitórias. Na Bahia o neto de ACM ficou de fora do segundo turno. Em São Paulo os malufistas cada vez ficam em menor número, apesar de ter deixado seguidores e alunos exemplares. No Maranhão a turma de Sarney, mesmo com o controle dos meios de comunicação, não conseguiu grandes resultados. Diferentemente do Pará. Neste estado o famoso criador de rãs, financista do Banpará e conhecido corrupto, Jáder Barbalho, conseguiu eleger seu filho em primeiro turno na cidade de Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral no estado, e, na capital, assegurou que seu primo disputasse o segundo turno com o atual prefeito. Pode-se afirmar que os mais experientes e carcomidos conseguiram se manter na maioria dos municípios do país. Conservando assim, nesse imenso território verde-amarelo, as profundas contradições de um povo sofrido e explorado de um lado, enquanto o poder foi mantido em mãos de poderosos e seus asseclas.
O PT conseguiu aumentar a quantidade de prefeitos e vereadores em mais de 50%, realizando todas as alianças possíveis com gatos e ratos para atingir essa meta. Os partidos mais a esquerda não avançaram muito. O maior recebedor de votos nas eleições foi o PMDB, seguido pelo PSDB e o PT. Significa que os partidos da ordem conseguiram a maior quantidade de votos, conseguindo conservar tudo como antes.
Os prefeitos e vereadores eleitos, em muitos municípios, inclusive algumas capitais, usaram como argumento a compra de votos, pagando de R$ 30,00 a R$ 150,00 por eleitor. Fortunas foram usadas. A velha prática do voto de cabresto em tempo de urna eletrônica. As verdadeiras necessidades da população, tais como geração de empregos, educação, saúde, questões ambientais, a reforma agrária, a construção da democracia participativa e as questões ambientais, raramente apareceram em debates, apenas serviam de argumentos para cabalar votos. Superficialmente esses assuntos foram apresentados. Não houve diferenças entre candidatos. Os principais partidos usaram a mesma prática e o mesmo discurso. O processo eleitoral dói transformado em um grande negócio, com empreiteiros, fornecedores e negociantes de todos os tipos realizando grandes investimentos para eleger seus apaziguados. E conseguiram.
A sociedade não instrumentaliza o processo eleitoral para avançar na conscientização e organização social. Apesar da importância do sufrágio universal a população não crê mais no sistema representativo. Graças ao descaso dos representantes eleitos para os anseios e as demandas da população. A descrença é muito grande. As mudanças ocorridas, com a eleição de algumas novas figuras, significam, de fato, conservar os mesmos interesses no comando de Prefeituras e Câmaras de Vereadores. O caminho para o fortalecimento da democracia, para o povo se tornar o vitorioso, deve ser a mobilização e organização popular. Construir o verdadeiro poder popular, democrático e participativo, com a maioria do povo controlando o Estado. Esse é o único caminho a trilhar, contribuindo para resgatar a esperança, a indignação e a disposição para a luta.

terça-feira, outubro 07, 2008

Moribundo do Norte

Ruas aflitas a qualquer hora
com engravatados produzindo enlatados,
em suas limosines coloridas soltando lixos
de luxo, fumaça e arrogância.

Vives no norte e semeias a morte
nos pontos cardeais com golpes cínicos de um pirata financeiro,
abatido e moribundo saqueando crianças e jardins.
Quem me dera ser do teu porte.
Te enfrentaria por dentro e por fora,
como faço a qualquer hora
contra os exploradores do meu povo.

Teu asfalto é feito de sangue,
com a alma de teus filhos pobres
de peles vermelhas, negras, amarelas, mesmo brancas,
esquecidas e abandonadas em largas avenidas.

Multidões caminham orientadas por luzes,
encantadas com teu espírito sugador
espalhando medo aos teus habitantes e vizinhos robotizados
por todos os desertos, mares e oceanos da abóbada terrestre.

Nada disso adianta.

Todas as cores te adentram,
te acuam nos cantos dos sonhos
cheios de paz, amor e fartura
propagadas por estrelas iluminadas
e barbudos, lutadores, combatentes, caminhantes e poetas.

A rebelião germina dentro de teu corpo esquálido e faminto.
Aproveito para fincar meu brado,
como uma pedra de fogo,
capaz de crescer sob tornados e tufões
impossíveis de serem detidos e controlados.

No teu coração cravei meu canto,
falei de sonhos, dores e conquistas,
repudiei teus crimes contra a vida, as flores, as crianças e a terra.

Boquiaberto me olhas como um boquirroto moribundo.

Meu carcará voa mais alto,
acostumado está com as necessidades.
Tua águia pede água, petróleo e ouro.
Nada te sobrará a não ser novas sementes
de tulipas vermelhas e marias-sem-vergonha de todas as cores.
Elas te inundarão para sobreviver.

Tuas ruas continuarão coloridas,
impondo-se aos teus bueiros que fumeiam
nas avenidas escuras e lúgrubes.

Tua arrogância vem do medo que te domina.
Tuas entranhas apodrecem.
Teu império findará no sangue derramado
que te sufocará em tua usura e força.

Meu carcará voa mais forte,
conhece a dor do sertão.

sábado, outubro 04, 2008

Olhares brilhantes

Sede de sonhar o mar envolve
olhares vendados
com negras belas de olhares brilhantes,
cabelos encaracolados,
como vidas famintas.

Movimentos sensuais
nas ondas do tempo,
sem perceber o vento
crendo no salvador
que dos pupitos
promete rios de mel e leite
para crianças nos farois,
enquanto lavam vidros de luxuosos carros.

Sem sonho nada sou,
apenas um ludovicense
esperando o pagamento do voto.

Nada devoto,
espero a ventania
tomar conta das almas
por se descobrirem
nas velhas ruas de pedras e azulejos.

Moças bonitas bailam o maracatu,
enquanto, sem tu, caminho o rumo da lua
nesta noite plena de pulmoes,
coraçoes, bocas e estomagos famintos.

Sede de voar,
um sonho onde nada lembre este tempo,
onde a dor se disfarça
de alegria em pedidos a candidatos.

Nada esperar dos que matam os sonhos.

Nada conta
que nao seja a pedra
contra a fome e as dores.

Nada ilumina a noite,
sem crer nas sementes de sonhos
de novos olhares.

Olhares brilhantes,
sem fome, nem ilusao.