Tempo de inspirar atos de dignidade e indignação, provocar suspiros em mentes descrentes na vida. Tempo de recordar a resistência. Tempo de caminhar de mãos dadas... (pcbatis@gmail.com)
domingo, outubro 23, 2011
Fogo que nos leva.
Arraial do Cabo, 15 de outubro de 2011.
O mar arde em chamas em movimento,
Provoca a esperança na vida em terra fértil,
Erguendo uma luz multicor nas manhãs e nos entardeceres.
O mar é fogo d’água que alimenta almas,
Fortalece corpos, provoca olhares brilhantes e desejos ardentes
Em romper a melancolia da solidão.
Faz entregar-se a imensidão de encantos e forças trazidas por Iemanjá.
E Posseidon, em sua carruagem de ouro puxada por velozes cavalos,
Faz despertar sobre ás águas as brasas e as fagulhas da vida,
Romper a dor de corações assustados e inundados pelo medo.
O mar avermelha-se como um coração em plena entrega
Aos corpos, peixes, mergulhões e gaivotas que se liberam em seus sonhos.
O mar é harmonia e sincronia na lua cheia,
Quando as sereias saem às terras para encantar e colorir olhares.
O sal de teu fogo vem de além mar,
Foi derramado por homens e mulheres arrancadas de suas raízes
Que chorosos, alegres, felizes ou assustados pisaram em terras novas e desconhecidas.
O mar embala as redes que se enchem de alimentos,
Acabando com a dor da fome de comida, por aprendizagem e por luzes.
Fortalece ainda mais o desejo de imprecisão
Com teus movimentos que chacoalham o Triunfo,
Que avança como vento aumentando tuas chamas.
Não importa que provoque a recordação de fontes em terra (in)segura,
Apenas inspira a seguir avante.
Nem és um cabo, nem um arraial, nem um salvador, é um universo
Ligando povos, descobertas e encontros ainda por nascer.
Faz dos enjôos os desejos de navegar,
Seguir com teu fogo a cantoria das cordas desamarradas dos caís
E alçam vôos em fagulhas que se misturam às estrelas incendiando olhares.
Vem você com seus movimentos incendiar o vento.
Vem abanar minha alma em teu rumo,
Fazer-me parte do teu fogo que propaga e se torna caís seguro,
Enquanto as velas balançam rumo ao norte.
Não mais procuram terras nem ouro nem atracações,
Querem mais labaredas em alto mar,
Ser fogo incendiando a luz da busca por rochas suspensas,
Onde o vento entre pelas janelas de cabeças e olhares
E se transformam em flores sobre as mesas em manhãs.
Teu fogo é combustível para as naus que sabem aonde chegar
E insistem na imprecisão de teu jeito,
De teus encantos e mistérios,
Da tua incerteza em relação ao pôr do sol
Que chega com a lua,
Provocante que desponta vermelha em teu seio.
Você faz a incerteza da existência
Seguir em busca dos ventos com mais labaredas
Que farão meu corpo levitar em tuas brasas e desejos.
O mar é fogo sem saber que é água,
Anima corações a voar livres das verdades e certezas.
É pássaro sem terra nem dono,
Aumenta as chamas nas águas,
Faz da terra combustível para animar a cavalgada oceânica
Nessa imensidão das labaredas que provocam sonhos e delírios.
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