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domingo, abril 08, 2012

Medo



Fechar o tempo sem abrir as janelas,
 nem as portas, trancar a vida entre quatro moedas,
com vidros escuros, brindados e surdos.

Medo que tranca o coração,
impede abraços, sorrisos, beijos
e a distribuição de flores.

A propaganda geme o sangue dos mortos
pelas balas contra os pobres,
violentos, agressivos e violentados
de todas as formas reproduzidas
nas telas da tv, nos jornais e em discursos.

Medo de caminhar, de não se poder consumir, alimentar o consumidor.

Medo de sonhar,
é preciso reproduzir a mesma prática da mentira,
assegurar a segurança das elites,
que oram, rezam, dão esmolas,
tentam expiar a dor que não sentem.

Medo da lua, que foge dos olhares,
que se fecham,
mirando o chão,
onde os pés se firmam.

Sustentar as fronteiras, as propriedades,
os templos do sistema,
fugindo da luz da morte,
que vestida com sua roupa de domingo,
espreita quem dela tem medo.

Medo do abraço,
do hálito desconhecido,
das flores com espinho,
da fome de não ter o shopping center,
sem ver a solidão dos olhares perdidos nos faróis.

Medo da verdade e da solidão,
sob bilhões de galáxias desconhecidas,
pelos ávidos pelo poder,
apenas pelo poder,
sem saber o valor do brilho do canto da ventania em noite de lua cheia.

(pcb - 08.04.2012 - 14h48 - BSB - DF - Brasil)

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