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segunda-feira, abril 27, 2020

Lembranças do amanhã



Pedro César Batista

Afofarei a terra.
Sementes sempre germinam. Não duvido do tempo.

Frutos apodrecidos perfumam olhares,
Rabiscam folhas com lágrimas.

As flores sabem que amanhecerá
Cada palmo desterrado,
Corpos pobres jogados em valas.

A vida não esqueceu o sorriso,
Entregou-se ao fogo,
Fez-se gelo picado,
Misturado com matruz
Salpicadas no rum.

São muitas as dores.

Nem mais escutam os acordes,
A melodia é surda.

Eco não a conhece,
Apenas Narciso sabe de si.

A terra está encharcada,
Sangue pisado e contaminado,
Cheio de aflição e coragem.

Tem memória e história,
Tudo fica vermelho.

Os cravos florescerão,
Com estrelas ao meio dia.

Te encontrarei
Na Praça da República,
Tomaremos tacacá
Contando lembranças do amanhã.

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