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quarta-feira, abril 21, 2021

Virgulando



Virgulei, tornei-me Virgolino.
Mesmo ainda com dois olhos que não são cegos,
a continua ajuda de duas lentes, vejo mais e mais.

Sigo virgulando, convivendo entre cactos, aroeiras e angicos,
Calangos e cobras, sou sobrevivente.
Sou vírgula, sirvo a um mesmo rumo.

Nem é noite,
só o tempo é sombrio,
um calor que esfria,
uma claridade que alumia sem dó.

Algumas horas sou reticências, aprendo mais.
Evito ser exclamação, gosto de desvendar enigmas,
ser interrogação encanta, nunca assusta.
As dúvidas fortalecem.
Certezas sempre se questionam,
obrigam-me recomeços,
constroem pontos e virgula,
contrapontos e desencantos.

Virgular para fortalecer o comando,
consignas justas e envolventes.

Ser Virgolino, levar a parabelo sempre carregada,
com ela embaixo da rede estendida,
no peito enquanto o chão é meu leito,
pronto para abrir fogo.
No escuro ver a claridade,
uma pontaria certeira,
sem confundir o alvo.

Sou Virgolino, sempre virgulando,
sem medo de pontos finais.

Pedro César Batista Pedro César Batista

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