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quinta-feira, setembro 15, 2022

Ainda haverá tempo?



Onde deixei meus passos?
Não miro mais flores,
um agreste cheio de espinhos,
olhares assustados olham-se nos espelhos.

Uma prolongada noite persiste.

Meu coração ainda pulsa,
minhas veias seguem latejantes,
sou sangue por todo o corpo,
não apenas nos olhos.

Onde ficaram meus sorrisos,
a alegria do encontro, do amanhecer?

Um silêncio ensurdecedor grita em meus pulmões,
será saudade do trago que não dou,
tristeza pelos rios assoreados,
apagamento de sentimentos verdadeiros?

Ainda viverei o canto da dignidade,
sentirei o aroma de jasmim, o orvalho da massaranduba, o frescor do cuidado?
Onde andam as trincheiras,
transformadas em redes virtuais?
Amizades se transformaram em curtidas (se muito).

A terra secou,
sementes deram outros frutos.

Ainda viverei o luar?
Ainda será tempo de florescer?

Pedro César Batista

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