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quinta-feira, outubro 19, 2006

O NOVO PT

Há muito tempo o PT abandonou sua origem operária, sua história de lutas e as suas propostas para transformar a sociedade. No início dos anos 90 foram expulsos do partido alguns grupos mais a esquerda, depois outros, até a saída do grupo, mais recentemente, que formou o PSOL. A organização de base, os grupos de estudo e ações de base foram abandonadas ao longo desse tempo, terminando por ser um partido formado por burocratas e cabos eleitorais contratados em períodos eleitorais.

O slogan da campanha de reeleição do presidente Lula "Não troque o certo pelo duvidoso" traz um fato novo e preocupante. Com essa consigna o partido assume uma posição conservadora e, pode-se até dizer, reacionária, ao reproduzir o velho discurso que propaga o medo do novo. A natureza sempre se renova quando faz algum tipo de troca, as pessoas sempre crescem e aprendem quando descobrem algo novo e as experiências novas na busca da solidariedade, fraternidade e justiça social sempre foram bem-vindas. O que não seria da humanidade se não existissem os ousados que sempre se arriscam para descobrir aquilo que aparentemente é duvidoso. Pedro Kilkery, poeta baiano do final do século XIX disse "olhos novos para o novo" e sempre é importante olharmos o novo com atenção e curiosidade.

Não estou afirmando que o candidato do PSDB seja o novo, pois ambos, Lula e Alkimim, defendem a mesma plataforma econômica e política, o que quer dizer que os dois representam o velho. No entanto um partido que nasceu do seio da luta democrática, das lutas sindicais e da luta do povo, sustentar-se com um discurso conservador e incentivando o medo é muito perigoso. O mimetismo petista tem sido assustador.

O que virá em seguida de um partido que retrocede tanto é preocupante. A sua história tem sido de expulsões, autoritarismo e conchavos com setores que sempre exploraram o povo. Graças a esses acordos conseguiu eleger, em 2002, o seu candidato a presidente. No entanto não esperávamos que mudasse tanto, negando suas bandeiras, sua história e lutas desenvolvidas e aliando-se ao que há de pior na política nacional.

Oxalá o senador Cristovan Buarque esteja errado quando afirmou que o lado autoritário petista predominará caso o presidente Lula seja reeleito. Apesar de tudo estarei com minha consciência tranquila, não votarei em nenhum dos dois candidatos a reeleição, anularei meu voto e continuarei a semear sonhos e esperança na construção de uma sociedade mais fraterna e justa. Que nome terá não sei, mas com certeza não será o capitalismo criminoso que coopta pseudos líderes de trabalhadores.

Um comentário:

Carla Augusto disse...

Gosto mesmo do seu blog!
Em resposta à sua pergunta: não sou brasileira, sou portuguesa.
Um abraço!