Páginas

segunda-feira, outubro 23, 2006

Voto nulo porque ainda acredito na mudança.
















A política deveria nos dar uma consciência acima da maioria dos cidadãos. Ela nos dá informações que nos permite, aparentemente, ter mais clareza que aqueles que não se interessam por esse tema.

Será que um cidadão que está apenas preocupado em assegurar o cumprimento de suas obrigações para garantir o seu sustento e não se interessa pelo que os dirigentes de seu país fazem não está interessado em política? Bertold Brecht em seu famoso poema Analfabeto Político responsabilizou pelas mazelas que a sociedade vive todos aqueles que "batem no peito dizendo que odeiam política". Será que de fato essas pessoas são responsáveis pelas manobras e falcatruas que os dirigentes públicos cometem?

Dia 29 de outubro anularei meu voto. Nunca me enquadrei no estilo definido por Brecht, pelo contrário, desde a juventude estive integrado aos movimentos. Ainda garoto participei da luta pela anistia e o fim da ditadura. Foram quase três décadas de dedicação à politica. Dei meu sangue, minha juventude e meus sonhos. E onde chegamos depois que foi eleito, pela primeira vez na história nacional, um operário para presidente da república?

A política transformou-se em um grande negócio onde os líderes, inclusive alguns oriundos das lutas do povo e do movimento sindical, tornaram-se empresários da política. Seus parceiros, seus familiares, seus grupos assaltam descaradamente o Estado em benefício próprio. Pior ainda é que são tão cínicos que vão aos MCS e afirmam que está tudo bem.

Acredito que a política ainda é o caminho da mudança. No entanto a estrutura atual, com partidos-empresas, líderes-vendidos-traidores, demagogos de todas as espécies não dá para votar. O voto nulo é um caminho, neste momento, para protestar contra tudo isso. P. ex. Lula e Alkimim defendem a mesma política econômica e interesses e se dizem diferente. E ainda há gente que acredita nisso.

Se a sociedade não reinventar a política, construindo canais onde cada cidadão, seja o operário que luta por sua sobrevivência, o intelectual, o profissional liberal, o desempregado, ou seja, todos os homens e mulheres possam de forma direta decidir os destinos nada mudará. É preciso repensar a forma de fazer política, como está não sairemos da lama em que nos meteram.

O risco é que não havendo uma mudança caminhamos para a barbárie onde o terror se instale e a sociedade não mais possa assegurar a civilidade nas relações humanas. Ainda é tempo.

Um comentário:

Laura disse...

e ler você faz a gente aprender muito! um dia ainda espero chegar mais perto, da sua sabedoria. escrever textos mais concisos, conexos, com idéias mais claras! Você disse tudo nesse último. inclusive sairam alguns textos na mídia:" Povo brasileiro: privilegia quem faz mais rouba?" Alguma coisa assim, depois vou ver direito e te indico a fonte. Aliás, esse tema é discussão para meu próximo trabalho que estou fazendo na pós! Recebei teu email viu? Tô vendo se arrumo um emprego de free lancer esse final de ano pra eu viajar em janeiro. Mas o negócio tá brabo! quando rolar uma coisa legal te ligo pra gente se encontrar! anota ai meu tel e qq coisa me liga tb viu? 81346142! Beijão querido! Obrigada pelo seu carinho e atenção sempre! Te admiro!