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quinta-feira, dezembro 06, 2007

19 anos sem João Batista



João Carlos Batista na adolescência.
















Em 6 de dezembro de 1988, 20h30, entra no ar uma edição jornalística extra na TV Liberal, Belém, Pará:" Acaba de dar entrada no Hospital dos Servidores Públicos do Estado do Pará o deputado João Carlos Batista já sem vida. Recebeu dois tiros fatais de um pistoleiro, ao chegar em sua residência na Av. Gentil Bitencourt. Seu corpo será velado na capela do hospital. O pistoleiro conseguiu fugir."

Nesse dia João Batista havia denunciado, mais uma vez, da Tribuna do Assembléia Legislativa uma nova ameaça de morte que havia sofrido. Como das vezes passadas, alguns parlamentares fizeram chacota.

Aos 36 anos de idade tiraram a vida do advogado de trabalhadores rurais e urbanos. O militante da luta do povo que mobilizou milhares de trabalhadores no Pará na luta pela Reforma Agrária. Exerceu o mandato de deputado estadual no Pará por 17 meses, período que confirmou seus compromissos com a luta em defesa da Reforma Agrária e do socialismo.

Antes de ser assassinado sofreu três atentados. No primeiro, Nestor, seu (meu) pai, recebeu o tiro. No segundo, ele e mais dois companheiros, Ezequias e Nilton, ficaram muito feridos. Batista passou vários dias na UTI. No terceiro, os pistoleiros invadiram uma manifestação com mais de cinco mil pessoas, no Dia do Trabalho, em Paragominas - PA, e balearam dois companheiros , Nicanor e D. Alzenir. Um bandido foi pego e justiçado na hora. Na quarta tentativa, conseguiram assassiná-lo. O mataram na frente de seus filhos, ainda na tenra infância. Dina, sua filha do meio, ainda recebeu um tiro na perna.

João Batista nasceu no interior de São Paulo. Ainda criança foi com sua família para o Pará. Buscavam terra. Tauá, como o chamava, sempre esteve ligado ao campo. Começou militar na luta do povo cedo. Atuou na reconstrução da UNE, compondo a comissão nacional pró-UNE. Formou-se advogado, em 1980, voltando, desde então, toda a sua energia e inteligência para a defesa dos trabalhadores, das mulheres, dos oprimidos e do socialismo. Deixou cinco filhos de dois casamentos: Marcia Mária, João Leonardo, Renata, Dina e João Carlos. Sua primeira companheira foi Elisenda Libonati, a segunda, Sandra Caminha.

Hoje, 6 de dezembro de 2007, completam-se 19 anos que tiraram a vida de Batista. Sua memória, seu exemplo, seu compromisso e sua dedicação somente servem de exemplo para aqueles que acreditam que a luta é o caminho para conquistar uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

Vida longa à memória dos que tombaram na luta pelos direitos do povo e pelo socialismo.

João Batista, sua memória será preservada.

PS. Como seu irmão aprendi que não basta lutar em defesa de terra, trabalho e liberdade. O século XXI nos aponta a necessidade de impedir o resssurgimento da barbárie que se fortalece no consumismo exacerbado, no individualismo, no hedonismo e no egoímo. Não poderemos repetir erros. A solidariedade e o respeito aos que lutam, aos que são explorados, oprimidos, a diversidade e a memória dos que deram suas vidas na defesa da justiça social, precisam ser fortalecidas e resgatadas. (Um povo que não tem passado não tem futuro. J.Marti) Nosso tempo atual é muito veloz, não percamos tempo, vamos semear e propagar a esperança, a rebeldia e os sonhos de fraternidade e justiça social.

Um comentário:

Valéria disse...

a historia e muito triste mais eu tenho muitas saudades de meu avo!! valeria libonati batista apolo