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terça-feira, outubro 07, 2008

Moribundo do Norte

Ruas aflitas a qualquer hora
com engravatados produzindo enlatados,
em suas limosines coloridas soltando lixos
de luxo, fumaça e arrogância.

Vives no norte e semeias a morte
nos pontos cardeais com golpes cínicos de um pirata financeiro,
abatido e moribundo saqueando crianças e jardins.
Quem me dera ser do teu porte.
Te enfrentaria por dentro e por fora,
como faço a qualquer hora
contra os exploradores do meu povo.

Teu asfalto é feito de sangue,
com a alma de teus filhos pobres
de peles vermelhas, negras, amarelas, mesmo brancas,
esquecidas e abandonadas em largas avenidas.

Multidões caminham orientadas por luzes,
encantadas com teu espírito sugador
espalhando medo aos teus habitantes e vizinhos robotizados
por todos os desertos, mares e oceanos da abóbada terrestre.

Nada disso adianta.

Todas as cores te adentram,
te acuam nos cantos dos sonhos
cheios de paz, amor e fartura
propagadas por estrelas iluminadas
e barbudos, lutadores, combatentes, caminhantes e poetas.

A rebelião germina dentro de teu corpo esquálido e faminto.
Aproveito para fincar meu brado,
como uma pedra de fogo,
capaz de crescer sob tornados e tufões
impossíveis de serem detidos e controlados.

No teu coração cravei meu canto,
falei de sonhos, dores e conquistas,
repudiei teus crimes contra a vida, as flores, as crianças e a terra.

Boquiaberto me olhas como um boquirroto moribundo.

Meu carcará voa mais alto,
acostumado está com as necessidades.
Tua águia pede água, petróleo e ouro.
Nada te sobrará a não ser novas sementes
de tulipas vermelhas e marias-sem-vergonha de todas as cores.
Elas te inundarão para sobreviver.

Tuas ruas continuarão coloridas,
impondo-se aos teus bueiros que fumeiam
nas avenidas escuras e lúgrubes.

Tua arrogância vem do medo que te domina.
Tuas entranhas apodrecem.
Teu império findará no sangue derramado
que te sufocará em tua usura e força.

Meu carcará voa mais forte,
conhece a dor do sertão.

2 comentários:

Samir Raoni disse...

VOCê tem navalha em seu texto Pedro.
Sua poesia é revigorante!

Vamos manter essa interceção.

Saudoso abraço,

Samir Raoni

Anônimo disse...

marciarlcc@hotmail.com