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quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Declaração de Fidelidade





















Declaro para os devidos fins que meu amor é único e exclusivamente meu. É intenso, verdadeiro e comprometido. É integral, dedicado, cuidadoso e forte. Não esconde a sua essência, transmite de todas as formas o que sente, acredita, pensa e faz. Sua transparência pode ser vista a olhos nus. Não há como escondê-lo. Esse meu amor assume compromissos. Acredita que é capaz de mudar o mundo. Esse meu amor pode conquistar a vida, a luz e o brilho por sua entrega e confiança. Pode ser solitário, sofrer, sonhar demasiado ou mesmo se transformar, adquirindo outras formas e níveis. Esse meu amor é dialético. A escolha a quem destiná-lo e a que sonhos dedicar-se é exclusividade minha. Dedico-lhe assim às minhas filhas, que o receberão eternamente. É um amor integral, que busca uma parceira para elaborar e construir sonhos comuns. Somente a mulher que conquistar minha alma o receberá, podendo, então, adentrar em meu ser integralmente. Ela será a receptora desse oceano de meu sentimento. O respeito e fidelidade são fundamentos de sua forma de ser. Esse meu amor não é mesquinho ou individualista, tem ligação intima com a construção de uma sociedade mais justa. Para isto vai às últimas conseqüências, se necessário, para combater as inverdades históricas e a exploração do homem pelo homem. É um amor altruísta, sem apego aos bens contemporâneos, sustenta-se na solidariedade, na entrega e no respeito à vida. Esse meu amor é pedagógico, fundamenta-se no exemplo, tendo o discurso apenas como resultado. A individualidade é fundamental, mas não será fruto da liberdade burguesa, egoísta, mesquinha, que tem como base o hedonismo. Esse meu amor baseia-se no carinho, na atenção, no cuidado, no companheirismo e na cumplicidade com os sonhos, as lutas e do mais profundo da alma. Não se sustenta na insegurança, no ciúme ou no sentimento de posse. É um amor inteiro, onde duas partes inteiras serão capazes de alcançar, de mãos dadas, a lua ao anoitecer ou atravessar as galáxias quando desejarem voar. Seremos capazes de contribuir na construção da paz, da solidariedade e da verdadeira humanidade nas relações humanas. Meu amor deseja outro amor assim. Crente na raça humana e na capacidade de compreensão, de ser justo e da pureza da existência. Meu amor fez sua escolha, tem a sensibilidade do tempo e a esperança como direção a seguir.

Firmo e assino a presente Declaração de Fidelidade.

Peruíbe, 24 de fevereiro de 2009

Pedro César Batista

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Os colibris me acordarão



















Um tempo sem começo nem fim
um dia sem noite
um luar sem céu
as folhas descolam das árvores
são levadas pelo vento
olho o tempo que nao vivi
sinto saudade dos olhares que não me miraram
sinto o gosto do beijo que não tive
sinto o abraço que não me aqueceu
um tempo deconhecido
flores que não brotaram
sementes que buscam terra
raízes sedentas
luz que quer céu
as manhãs sempre nascem
certamente os colibris cantarão em minha janela

tristeza














o sol nasceu maravilhoso
e não me viu
os pássaros estão cantando
é nem me olham
o brilho das árvores ao lado de minha janela
parece fugir de meu olhar
o canto de minha alma
está emudecido
a circulação sanguínea
que parar
o coração é forte
sente a solidão
que tempo de medo é esse?
resta-me a dor.

domingo, fevereiro 15, 2009

A humanidade vencerá.

Ontem ouvi uma música, a letra falava que a fraternidade e solidariedade são apenas cartões postais de políticos em homenagem às festas de fim de ano. Não me lembro o nome do autor. Era a Rádio Cultura de Brasília, uma das minhas preferidas, por tocar cantores desconhecidos e, sempre, boas músicas. Não concordo com o autor da canção.

Ao longo de minha vida o que mais tenho conhecido são pessoas solidárias e fraternas. Quantas vezes pessoas desconhecidas agiram solidariamente comigo. Quantas vezes recém conhecidos também demonstraram esse comportamento. Claro, os amigos antigos são os que mais provam a existência dessa qualidade nas pessoas. Sem dúvida vivi muitos momentos o oposto disso. Há os utilitaristas, os quais aproximam-se apenas enquanto tentam preservar seus objetivos. Conservam apenas relações oportunistas e úteis aos seus interesses. Quantos não agem assim? No entanto, entre o conjunto de meus conhecidos,incluindo parentes, aderentes e parceiros de lutas, sonhos, noites, choros e alegrias, amigos e companheiros, a grande maioria sempre foi solidária. Há aqueles conhecidos de longa data que sustentam-se na inveja e na traição. Felizmente é minoria.

A humanidade, como disse Milton Santos, precisa ser construída. Sem dúvida. Nunca vivemos um período em que a fraternidade e a solidariedade fossem a ação determinante das pessoas. Seja no mundo primitivo, feudal ou capitalista antigo, moderno ou atual. A exceção ao longo da nhistória foi o período das comunidades primitivas em seus clãs e aldeias. Certamente chegamos em uma encruzilhada. Ou construimos relações efetivamente humanas ou retornaremos ao tempo em que o homem também era caça e caçador. O capital, seus agentes e asseclas, atuam, infelizmewnte, ainda assim. Sobrevivência. Mas isso passará. Acredito.

Recentemente devido meu trabalho literario em resgatar a memória de um combatente da luta do povo, o qual era meu irmão, soube que sua viuva acusa-me de aproveitador. Dizia ela que quero vender livros, nada mais. Ao mesmo tempo ela está aliada a um dos suspeitos de ser o mandante do assassino de seu ex-marido. Imagino como seu ex-marido deve estar se sentindo no túmulo. Oxalá possa ao menos se mexer. Mas pessoas assim, como essa viúva, são minoria. Felizmente. Tenho comprovado o alto nível de solidariedade e fraternidade da espécie humana, mesmo com a busca desesperada por status, poder, prebendas do Estado e mordomias. A maioria ainda é solidária e fraterna.

O autor da canção que escutei, a qual tem uma bela melodia, é de Brasília, cidade bela, livre e encantada a quem tem bom emprego, bons salários ou boas redes. A maioria do povo da cidade certamente não caminha no eixão aos domingos, nem vai aos clubes, nem tem acesso aos bosn cinemas, continua explorada e servindo à aqueles que deveriam servir ao público, no entanto sustentam-se na exploração do homem pelo homem. Ultilizam para isso o estado, instrumento de dominação das classe dominantes, a quem servem. Assim mesmo ainda acredito que viveremor um novo tempo, onde todos serão felizes, poderão sorrir ao caminhar com seus filhos ou sonharem em estar ao lado de suas amadas, mesmo distantes. Esse tempo virá.