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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Pouso noturno





A noite é uma fornalha,
O sangue fervilha em busca do mar,
Que me chama em movimentos
Universais de flores, rochas e ventania.

Quem não me quer?
Quem não ouve meus reclamos?
Quem me deixa sozinho à beira da estrada?

Meus passos travam pesados como planetas,
Circulam em universos sem deixar lágrimas borbulharem
na luz cósmica transformada em semente de alegria.

Tropeçar faz animar as nuvens em seu vôo,
As águas ficam mais puras e ensaguinoladas
Repletas de gritos de êxtase sufocados.

As estrelas pululam nas entranhas da floresta,
Vagalumes festejam o breu da existência
Cheia de cantos, desencantos e encantos.

A noite chamusca a dor do abandono,
Da descrença e das sementes murchas
Em crianças vendidas em bordéis na esplanada.

O sangue precisa navegar,
Voar alto,
Ser gaivota
Pousando na areia.

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