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terça-feira, março 16, 2010

Cidadão Pipoca ou salve-se quem puder?





Por Pedro César Batista

Na Grécia antiga havia a Ágora, local onde os cidadãos se reuniam para debater política, filosofia e artes. As camadas subalternas não participavam. Platão pensou na República, elaborada por Montesquieu, implantada em quase todos os países na atualidade. O sistema representativo, assim como faziam os gregos, limitou a discussão aos escolhidos.

Quatro linhas sintetizando milhares de anos. Ousadia inspirada nas palavras do ministro da cultura Juca Ferreira. Recentemente foi pedido por seu partido para se afastar do cargo para se dedicar a campanha da candidata verde, Marina Silva, à Presidência da República. Disse Ferreira que preferiu continuar no governo e ser um “cidadão pipoca”. Na Bahia, terra do ministro, aqueles que não têm acesso aos blocos durante o carnaval, brincando do lado de fora das cordas de segurança, são chamados de “pipoca”. Como na Grécia quem não podia comprar a abada fica de fora.

No Brasil atual parcelas enormes da população não podem comprar abadas de várias espécies: plano de saúde, boa educação, acesso a cultura, viagens, segurança, moradia e, nem mesmo, uma alimentação de qualidade. E lemos que uma autoridade de Estado achincalha a realidade, dizendo que agora vai ser “cidadão pipoca”.

A política é uma ciência para buscar soluções coletivas de uma sociedade. As classes a utilizam na defesa de seus interesses no confronto com seus opositores. Ocorre que esse tema se tornou assunto corriqueiro para indiciar criminosos e auxiliar os que buscam ouro a ficarem rico mais rápido. Para isso, partidos, ideologias e princípios tornaram-se mercadoria sem interesse. Usa-se conforme o momento e a necessidade.

A essência da democracia é a garantia da participação na tomada de decisões pelos governantes na condução dos negócios do Estado. A sociedade para isso tem alguns instrumentos: organização, debates, eleições, conselhos, conferências, etc. A internet trouxe novas ferramentas, as quais otimizam os debates, podendo contribuir para uma relação mais fraterna, solidária e revolucionária para construção da humanidade. Infelizmente não é isso que presenciamos. Prevalece-se o sentimento do “cidadão pipoca” ou o salvem-se quem puder no ritmo frenético desse tempo que vivemos.

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