Nem bem comecei a
viver,
aprendia a descobrir
o calor e a cor do sol,
sentir o cheiro do
vento.
Começava a olhar o
horizonte,
a aprender a
navegar,
a buscar a vida,
que começava a se
desvendar
aos meus olhos
marejados.
Meu tempo foi
encurtado,
mal havia começado
a andar,
a dar os primeiros
passos,
falar minhas
primeiras palavras.
Nem descobri a vida,
tentei escapar da
fome,
sobreviver a guerra,
esconder-me das
balas assassinas,
financiadas pelos
ricos de países ricos.
Chorei de medo,
chorei devido o
frio,
chorei sem entender
que a morte chegava.
Tudo porque
saquearam minha terra,
massacraram meu
povo,
destruíram nossa
comunidade.
Dizimaram a vida sem
dó,
destruíram tudo,
roubaram nossas
riquezas,
somente isso
interessava ao invasor.
Nem cheguei a
aprender a gritar,
não aprendi a
repudiar a mentira,
nem a combater o
opressor.
Terminei na beira da
praia,
jogado pelas ondas
do mar.
Nem cheguei a
aprender a cantar,
não cantei a vida,
não cantei a
liberdade,
nem conheci a
esperança.
Meu fim chegou antes
do meio dia,
como fosse uma
pétala,
arrancada e jogada
ao mar.
Pedro César Batista
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