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terça-feira, janeiro 10, 2006

ODE A IARA
















Cheguei ontem do Pará.

Lá tomei suco de muruci
e dancei carimbó,
comi carangueijo
e muita caldeirada.

Nadei no Rio Guamá,
vi o sol de pôr em Icoaraci,
tomando água de coco
na praia do Cruzeiro.

Sonhei no Mormaço
encontrar uma sereia,
que mergulhou depois de me encantar,
na fresta de luz da lua nas águas escuras da baia guajará.
Ela me encantou e se foi.

Em Soure enfrentei a areia
na praia do Pesqueiro,
ao som do vento e do mestre Lucindo
sob a claridade da lua,
ainda apenas um risco no céu.

Em Salvaterra mergulhei
acompanhando o Mergulhão.
Não fui tão fundo
era muito arriscado,
mas tentei.

Em Joanes o vento me balançou
na Pousada Ventania,
onde encontrei a confiança
e a esperança,
mesmo ouvindo o chôro das folhas do coqueiro
encobrindo a menina bela e enamorada
pelo boto que também não apareceu na noite estrelada.

Cheguei ontem ao centro do Brasil,
meu coração sente saudade
das calderadas feitas com amor,
das caminhadas embaladas pelas águas,
dos rios caudalosos que me envolveram.

Cheguei ontem,
a lua começa a crescer,
tanto quanto o sonho
em poder caminhar
todas as manhãs
nas margens do Amazonas.

Sonho em descobrir Iara,
para que ela me leve
para o fundo do rio,
onde viveremos prazeirozamente
para a eternidade.

Meu coração está triste...

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