Um novo copo,
sem corpo,
sem sangue,
somente as lágrimas
que não caem.
O fogo abrasa o vento
que esfria a alma de tanto caminhar
em direção ao mar.
Ondas que passam,
labaredas crescem,
sem chegar aos céu
que se distancia.
O chão se abre
querendo fazer-me semente
de um tempo por vir.
Sem querer, insisto.
Viver é minha sina.
Ler Neruda não basta.
Ouvir Violeta não adianta.
Vinho não embriada.
Somente o frio é real.
O fogo se assusta,
sente a necessidade do sopro do amor e da vida.
Ainda assim sigo,
preciso navegar,
receber o abraço do vento
as pétalas das flores
no rosto enrijecido.
O copo se torna velho,
encardido pelo vinho
que adentra minhas veias
entupidas pelo sistema.
Onde estou?
Aonde vou?
As rajadas dos sonhos me acompanham,
alegres, apesar da solidão.
Uns poucos insistem em impedir
o porvir de um novo tempo;
outros, persistem na semeadura da esperança.
O mar bate nas rochas
que o repelem;
continua avançando.
Quem dera ser o mar,
viajar no tempo,
pelos continentes,
propagar vida e inspiração.
Quem dera ser o mar?
Pedra é o que sou,
recebendo a força das águas,
que me golpeiam,
insistentemente.
xxxx
Um novo ano começa em meu corpo,
como um novo copo
que se esvaziará em poemas,
na lua cheia,
contando estrelas
que se apagarão.
Novos dias vão florir,
perfumar almas e sonhos
por tempo feliz.
2 comentários:
oi
Pedro
És rocha que sobrevive
“ao fogo e que esfria a alma
de tanto caminhar...”
Ler Neruda com suas belas palavras
“bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as,
Deixo-as como estalactites em meu poema “
Não te basta!
É preciso navegar...
E sempre na contramão
dessa perversa colonização
Que nos cala, sufoca e mata!
Hasta Siempre...
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