Páginas

sábado, fevereiro 02, 2013

Leve longa chuva



Passos anotam a história,
Deixam quadros indeléveis
Pendurados na parede do tempo.

Abraços são encharcados em sangue,
Misturam-se a terra
Que recebe sementes estéreis,
Desbotando desgostos e prantos.

O menino de dentes apodrecidos
Prossegue pedindo trocados,
Carece cheirar a fumaça que lhe anima,
Fazendo-lhe crer que ainda vive.

Sonhos viraram preleções oficiais,
Escritas sem alma em máquinas frias.

Encargos viraram cargos,
Espaços de poder para ter
Serviçais dóceis e submissos.

A chuva leve longa persiste,
O homem parado no farol
Continua correndo entre os carros,
Insiste,
Gesticula dramaticamente,
Olha nas janelas,
Que permanecem fechadas
Com motoristas assustados.

Ideais vêm e vão como o mar,
Continuam chocando-se em rochas
Amedrontadas que mais se enrijecem.

A voz macia da jovem bela jornalista,
Espelhando o medo no olhar,
Propaga o medo antes da novela
E incentiva comprar sonhos em Shopping Center.

O homem continua entre os carros,
Bate nas janelas
Que não se abrem.

Ele persiste.

@ Pedro César Batista - 2013

Um comentário:

Paulo Cesar Fernandes - Santos - Brasil disse...

A poesia não presisa necessariamente ser militante, mas se o for é socialmente melhor. Alguns poemas meus em www.scribd.com.

Paulo Cesar Fernandes
HispanoAmericano.
Santos - Brasil