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quarta-feira, janeiro 06, 2016

Quem sou.




Sou negro, um jovem negro. Mais um.
Sou índio, uma criança indígena. Mais uma.
Sou palestino, uma criança palestina. Resistindo.
Sou mulher, uma jovem mulher. Combatente.
Sou trabalhador, desempregado. Organizado.
Sou da periferia, do mato, da aldeia. Sou da colmeia.
Sou quilombo, conquisto o amanhã. O novo.
Vivo em cabanas, ergo o sol. Faço vida.
Semeio e colho alimentos,
Pesco em todos os mares,
Alimento o mundo.
Minha voz não sai na mídia,
Minha voz é sufocada, resiste,
Embala o fogo da vida. Grita, sem medo.
Enfrento as balas da polícia,
As mentiras dos poderosos,
Preconceitos dos moralistas religiosos.
Sou o povo,
Cantando sem medo de sicários,
Capaz de fazer esperança na dor. Florir sorrisos.
Sou o olhar que não se esconde,
O abraço que não se afrouxa,
O passo que não vacila. Marcha, firme.
Venho dos morros,
Das favelas e dos acampamentos. Levanto utopias.
Venho do amanhã,
Quando o ontem nada mais será que um quadro,
Um triste e velho quadro pendurado na parede,
Encardida pelas lágrimas de tanto sorrir
E bailar para a lua. Vermelha e cheia.
Sou o povo que não se curva,
Sou a vida que não morre,
Disposto a derramar o sangue,
Fazer flores onde a terra ainda está árida.
Sou o fogo que não se apaga. Sou labareda.

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