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quinta-feira, setembro 12, 2019

Tempos estranhos



Pedro César Batista

É preciso cuidar do meio ambiente. Diz-me a balconista ao dispensar a sacola plástica para colocar o remédio para pressão arterial que compro na farmácia. Digo-lhe, o principal item a ser cuidado no meio ambiente somos nós, que estamos sendo maltratados de todas as formas: pelo desemprego, baixos salários, descaso, por um governo inimigo de quem mais necessita e quanto mais falo vejo que ela entende claramente, que a espécie humana precisa ser cuidada. Vivemos em um mesmo mundo, enfrentamos os mesmos problemas.

Aumenta de forma visível a quantidade de pessoas que estão nas ruas, enfrentando a fome, a falta de teto, em busca de um posto de trabalho ou mesmo um acalento.

É visível também que as discussões se dão em torno de questões efêmeras, apartadas, segmentadas, por estações, eleições ou momentâneas. Parece que houve uma ruptura com o passado e o futuro foi esquecido. Não há mais continuidade no tempo. Mesmo alguns que se dizem estar conectados com a história, o que vejo é a busca pela venda de seus produtos, serviços ou marcas.

Sem dúvida, em tudo há exceções.

Ao mesmo tempo, existe uma parte considerável da sociedade criminosa, que pratica consciente seus crimes. Destrói todas as formas de vida da natureza, desacredita a espécie humana, propaga e se sustenta mentindo, com desonestidade e saqueando o trabalho, destruindo sonhos, propagando a injustiça como o melhor dos mundos. Consegue adeptos, mesmo entre os necessitados e quem se diz cristão.

A resistência se dispersa. Uma sensação de que quem ousa se dedicar a enfrentar as forças da opressão e da morte, não tem mais valor, apenas serve quem é de seus grupos, correntes, tendências ou de seus círculos pequeno-burgueses, que falam, falam e falam, são pós-modernos, são superiores, ou mesmo se dizendo fieis à história, descartam e seguem buscando fiéis seguidores.

O tempo é árido. O ar faz falta. A respiração cada momento fica mais pesada. O coração insiste em pulsar, apesar de tudo.

Foto: Lunae Parracho

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