Tempo de inspirar atos de dignidade e indignação, provocar suspiros em mentes descrentes na vida. Tempo de recordar a resistência. Tempo de caminhar de mãos dadas... (pcbatis@gmail.com)
sábado, janeiro 04, 2020
Panfleto
Não tenho frio,
Nem sou gelo,
Venho do norte,
Sou do mato,
Aprendi cedo o calor
Do abraço,
Do punho erguido.
Criança conheci o ronco da onça,
Rodeando o barraco,
De taipa e cavaco.
O fogo sempre acesso,
Não fazia apenas comidas,
Espantava os bichos.
Veio o frio,
Chegou um tempo sem abraço,
Sem fogo,
Sem assustar a onça.
A bravata dos poderosos é ordem,
Tenta espantar o fogo.
Faíscas resistem na escuridão.
Não tenho frio.
A solidão é momentânea.
A maldade ao redor passará.
Olhares esquivos,
Bocas maledicentes,
Os crimes dos assassinos burgueses,
Tudo ficará no passado.
Será fumaça na penumbra,
Nada mais que visagem no tempo.
Chegará o sol,
Aquecerá as sementes,
As flores desabrocharão,
A vida será digna para todos.
Pedro César Batista
Foto minha. Jovens munduruku cortando o cabelo na aldeia Teles Pires (MT).
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