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sábado, janeiro 18, 2020

Não à morte.



É janeiro de 2020.
Passaram-se poucos mais de quinze dias.
Começa a segunda década do século XXI.
No natal passado não mais se comemorou o nascimento de Jesus,
As pessoas foram às compras.
Não se falou em amar aos próximos.
Alguns homens, disfarçados de machos, acharam que tinham mulheres como propriedades.
Bastaria escolher as fêmeas,
Usar, abusar e sacrificar.

É janeiro de 2020.
Larissa é estrangulada.
Tem a roupa queimada.
Ninguém vai preso.
Não se sabe quem a matou.

É janeiro de 2020.
Edna é esfaqueada.
O ex-namorado, suspeito, fugiu.
Uma mãe assassinada.
Eliminada pelo ex-companheiro.
Conluiado com a morte.
Outro assassino.

É janeiro de 2020.
É Brasília, a capital do Brasil.
Gabrielly tinha 18 anos.
Casou cedo, acreditava no amor
Levou um tiro. Fatal. Na cabeça.
Gostava de músicas,
Descobria o prazer de viver.
Foram poucos meses de casamento.
A bala foi disparada pelo marido, o assassino.
Ele tinha quase o dobro da idade de Gabrielly,
E tudo era motivo para ciúmes.

É janeiro de 2020.
Uma facada mortal no abdômen.
Uma única estocada tirou a vida de Maria.
Sim. Maria.
O quarto assassinato do patriarcado,
Praticado pelos machistas,
Covardes, assassinos.

Larissa, Edna, Grabrielly e Maria.
Sangue e dor.
A “propriedade” enterrada sob a terra,
Não se podia sorrir, dançar ou ser livre.
Destruída pelo ódio misógino e medroso.

É janeiro de 2020.
Apenas dois dias após a primeira quinzena.
Começou a segunda década do século XXI.
A Idade Média de volta.
Homens assassinos,
Sustentados pelos que afirmam que a mulher é o pescoço,
Que é terra para semear,
Ser inferior,
Diz Paulo, o apóstolo.

O presidente discursa,
Não te estupro por que você não merece.

É janeiro de 2020.
Começou a primeira década do século XXI.

Pedro César Batista

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