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quarta-feira, janeiro 15, 2020

Ritmo.



Faço tudo ao contrário.

Dizem para eu comprar,
Não compro.

Falam para esconder meu amor,
Não escondo.

Afirmam que devo ser um vencedor,
Prefiro ser parceiro.

Tenho que ser o melhor,
Insistem,
Escolho compartilhar.

Preciso seguir a moda,
Ando de meu jeito.
Tenho que ser competitivo,
Busco a solidariedade.

Afirmam que é cada um por si,
Insisto em ter companheir@s.

Assim aprendo um novo tempo,
Onde dar é mais que receber.

Aprendo que amar é dedicar-se aos sonhos,
Entregar-se aos amores que acredito.

Nada de ser mais um repetindo o bordão.
Nada de ser um seguindo o caminho imposto.

Assim sigo contra-correnteza,
Acreditando que as flores brotarão,
e um dia,
Antes que tarde,
A flor mais bela dirá:
Eu te quero.

Ainda assim faço tudo ao contrário.

Pedro César Batista

Foto: Desenho de Alvaro Cunhal, feito na prisão em 1951 (Portugal).

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