Páginas

domingo, fevereiro 21, 2010

Controle remoto



Passos rumos ao sol,
Molham-se em lágrimas às escuras
Diante de pedras caminhantes
Fugindo do calor
Tão frias que se tornaram.

Olhares que não vêem,
Observam o lado,
Nem parece sexta-feira,
Os tamborins ainda tocam
Espalhando fagulhas na escuridão.

Mãos estão trêmulas
Abraços desapertados
Frouxos não levantam vôo,
Rastejam na esplanada.

Gritos são sufocados,
Aparelhos de TV dominam,
Medos despontam
De controles remotos
Em cabeças, mentes e corações.

O sol quer ver flores,
Flutuar a beira-mar
Em corpos sepultados
Para semear manhãs.

Passos encharcados na escuridão
Brilham contra o vento,
Querem o tempo que não quer chegar
Risos nascendo em flores pelas avenidas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tu és um exímio escritor! Escreves com a alma. Vejo nesses versos uma perfeita metáfora!